ANF: ajuste de dosagens pode ajudar a solucionar falhas de medicamentos

ANF: ajuste de dosagens pode ajudar a solucionar falhas de medicamentos

Ema Paulino defende que os farmacêuticos deveriam fazer o que faziam, quando as receitas eram em papel.

A rotura do fornecimento de medicamentos é um problema que, ao longo dos últimos tempos, tem suscitado vários debates entre os responsáveis políticos e do sector farmacêutico. Já várias entidades se pronunciaram sobre o tema e as soluções possíveis, com a Associação Nacional de Farmácias, os distribuidores e a Ordem dos Farmacêuticos a apontar a revisão de preços como a solução mais eficaz para este problema, que tem ganho contornos de caos em todo o País e que já chegou mesmo à discussão na Assembleia da República.

Contudo, não houve ainda uma tomada de posição definitiva por parte do Governo, o que levou a presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF) a avançar com uma solução de recurso. De acordo com Ema Paulino, para minimizar as consequências, a ANF gostaria que os farmacêuticos pudessem fazer o que faziam, quando as receitas eram em papel.

“Se, por exemplo, não existir dosagem de dez miligramas possa ser dispensada uma embalagem de cinco miligramas em que a pessoa vai tomar dois comprimidos”, defendeu esta quinta-feira, 11 de janeiro, a responsável máxima da ANF em declarações à “Rádio Renascença”.

“Anteriormente, quando tínhamos as prescrições manuais esta atuação do farmacêutico já estava prevista e aquilo que nós fazíamos, na altura, era no verso da receita justificávamos com a falta do medicamento, datávamos, rubricávamos, era uma autorização que passava sempre pela direção técnica da farmácia”, explica Ema Paulino, recordando que “neste momento, com prescrições eletrónicas, nós só podemos dispensar exatamente o que está na prescrição”.

Ainda sobre o problema de acesso ao medicamento e as roturas, Ema Paulino confirma que há falta de medicamentos – sejam eles de venda livre ou sujeitos a receita médica, mas assinala que a indisponibilidade não é constante e que se prende com dificuldades e atrasos na reposição.

“Têm-se reportado faltas relativas, por exemplo, a antibióticos em solução oral, também em ibuprofeno e paracetamol em solução oral. Contudo, estas faltas têm sido pontuais e rapidamente têm sido repostos os medicamentos no mercado”, diz Ema Paulino à
“Renascença”.

“Não podemos dizer que existe uma indisponibilidade constante. Existe é uma reposição, por vezes, um pouco atrasada. E daí que algumas pessoas possam sentir essas faltas, mas, depois, numa visita posterior à farmácia, estes medicamentos já podem ter sido repostos”, acrescenta.

A presidente da ANF diz que esses atrasos na reposição devem-se ao aumento de procura de medicamentos, a nível internacional: “Tem havido uma procura superior ao nível dos medicamentos e a produção não tem conseguido acompanhar a procura.”

“Como existe a nível internacional este contexto de escassez de medicamentos e Portugal é um mercado pequeno e com preços baixos, quando existe uma distribuição do ‘stock’ disponível pelos vários países é natural que, em algumas circunstâncias, Portugal não seja prioritário para a colocação dos medicamentos”, conclui Ema Paulino.