ANF defende que farmácias devem fazer parte da rede nacional de rastreios
Ema Paulino disse que as farmácias podiam ser uma mais-valia para chegar às pessoas que não vão aos centros de saúde.
As farmácias querem fazer parte da rede nacional de rastreios para identificar precocemente doenças como os cancros gástricos, colorretal, o VIH/SIDA ou as hepatites virais. A presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF) diz à Renascença que podiam ser uma mais-valia, até para chegar às franjas que não vão aos centros de saúde. Afinal, lembra Ema Paulino, diariamente são 560 mil as pessoas que entram nas farmácias.
“A grande mais-valia das farmácias prende-se com a sua capilaridade, ou seja, com a distribuição pelo território, pelo facto de terem a sua porta aberta e profissionais altamente qualificados para sensibilizar a população de forma proativa para a importância deste tipo de rastreios e para o fazerem de forma precoce e regular”, sublinha.
Por exemplo, no caso do cancro colorretal “nós sabemos que é uma doença que, quando é diagnosticada atempadamente, tem um prognóstico bastante favorável e a taxa de mortalidade é baixa, mas quando só identificamos essa pessoa numa fase tardia da doença, o prognóstico é bastante mais reservado. Portanto, há uma taxa de mortalidade muito mais elevada”.
Ema Paulino lembra que as farmácias já participaram em vários projetos-piloto, sobretudo, a nível local, mas que poderiam ser alargados e dá exemplos. “Nós já participamos com o município de Oeiras, por exemplo, nos rastreios à população para a SIDA e as hepatites. Temos também um projeto a decorrer nos Açores, na ilha Terceira, sobre rastreio de Helicobacter Pylori no âmbito das doenças gástricas e ainda temos parcerias que já foram estabelecidas no passado, por exemplo, em relação ao cancro colorretal”, sublinha.
Segundo Ema Paulino, as farmácias podem ter um papel essencial, não só em termos de sensibilização, mas também a fazerem os rastreios. “É o caso, por exemplo, nas hepatites e no VIH/SIDA. Existem testes rápidos que nós podemos fazer na farmácia e que desde logo apresentam resultados que depois serão então referenciados para fazer análises posteriores para confirmar o diagnóstico”, explica a presidente da ANF.
No caso do cancro colorretal, indica, “o objetivo seria as farmácias poderem entregar os kits para as pessoas poderem fazer a recolha da amostra de fezes e poderem entregá-la também na própria farmácia, que depois reencaminharia para análise”.
A ANF promoveu esta terça-feira a conferência “Rastreios e Prevenção: Inovar em Saúde Pública”, um encontro que também serve para manifestar a disponibilidade das farmácias para colaborar nos rastreios ao ministério da saúde.
“O nosso objetivo é reforçar a nossa disponibilidade e perante os desafios que o Serviço Nacional de Saúde em Portugal apresenta pelo facto de as doenças oncológicas estarem a aumentar em termos de incidência e prevalência na população e o facto de termos podermos desempenhar este papel e promover este diagnóstico precoce. No fundo, é mostrar a disponibilidade ao Ministério da Saúde para colaborar para melhorar as taxas de adesão”, refere Ema Paulino.