Auditoria revela que apenas um terço das entidades do SNS tem estratégia para a IA

Auditoria revela que apenas um terço das entidades do SNS tem estratégia para a IA

A conclusão é da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde, que analisou 42 entidades hospitalares – 39 unidades locais de saúde e três institutos de oncologia – e identificou lacunas significativas na estratégia, capacitação, segurança e transparência no uso destas tecnologias.

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Segundo a auditoria, apenas 12 entidades têm uma estratégia definida para a Inteligência Artificial (IA), enquanto10 estão a desenvolvê-la e 14 não possuem qualquer plano. Este cenário traduz uma ausência de visão integrada para a adoção de ferramentas que podem melhorar cuidados, aumentar eficiência e reforçar a qualidade da gestão pública.

A análise mostra também fragilidades ao nível da formação. Apesar de 14 entidades terem planos de capacitação em IA, 60% não promovem literacia digital entre profissionais ou utentes. Para a IGAS, a necessidade de “maior capacitação para um uso seguro e ético” é evidente, sobretudo num setor onde decisões assistidas por algoritmos podem ter impacto direto na vida dos doentes.

Além disso, no capítulo ético, embora 21 entidades adotem medidas de proteção de direitos como privacidade e não discriminação, apenas três informam os utentes quando estes interagem com sistemas assentes em IA, como assistentes virtuais. A falta de transparência é apontada como um dos riscos mais significativos, associada a uma “baixa avaliação sistemática dos benefícios e riscos”.

A cibersegurança constitui outro ponto crítico: 16 entidades implementaram medidas específicas para IA e 15 têm planos de gestão de riscos, vários ainda em desenvolvimento. Os riscos mais relevantes identificados incluem ciberataques e acessos indevidos a sistemas sensíveis.

A auditoria destaca ainda a forte dependência de financiamento externo, com diversas ULS a recorrer a programas como PRR, Compete 2020 e Horizon Europe, revelando limitações na capacidade de investimento próprio.

No balanço final, a IGAS sublinha que existem avanços relevantes em algumas instituições, mas persiste a falta de coordenação nacional e investimento sustentado, elementos essenciais para uma adoção ética, segura e eficiente da IA no SNS.

Tratando-se de uma auditoria exploratória, centrada em 2024 e início de 2025, não foram emitidas recomendações formais. Contudo, o relatório pretende servir como base para orientar o futuro da inteligência artificial em saúde, num contexto em que a inovação tecnológica se torna cada vez mais determinante na prestação de cuidados.