Portugal recebe pela primeira vez o Congresso Mundial de Saúde Mental

congresso saúde mental

7 de outubro, 2025

Entre 30 de outubro e 1 de novembro, Barcelos transforma-se no epicentro global da saúde mental. Isto porque, pela primeira vez, o Congresso Mundial de Saúde Mental chega a Portugal, reunindo especialistas, decisores e organizações de todo o mundo para debater o futuro do bem-estar psicológico e social, revela o site de notícias do SNS.

A organização é da responsabilidade da Câmara Municipal de Barcelos e da Federação Mundial de Saúde Mental – criada em 1948, é atualmente presidida pelo psiquiatra japonês Tsuyoshi Akiyama, e tem como missão promover a saúde mental em todo o mundo, fomentando a prevenção das perturbações mentais e emocionais e o acesso universal a cuidados adequados –, e conta com a parceria da Coordenação Nacional das Políticas de Saúde Mental.

Assim, durante três dias, e sob o tema “Saúde Mental e Sustentabilidade Social: uma abordagem centrada na sociedade e comunidade”, cerca de 400 participantes, entre académicos, profissionais de saúde, representantes institucionais e organizações da sociedade civil, irão refletir sobre o papel das comunidades na promoção da saúde mental, partilhando estratégias e boas práticas que reforcem a coesão social.

Entre os oradores convidados destacam-se Mark Humphrey Van Ommeren (OMS – Genebra), José Luís Pedreira Massa, psiquiatra e psicoterapeuta, Joseph Knobel Freud, psicólogo clínico, Paulo Amarante, psiquiatra, Roberto Mezzina, psiquiatra, e Alberto Trimboli, psicólogo. Todos este especialistas são reconhecidos pelo contributo para uma abordagem mais humana, inclusiva e sustentável da saúde mental.

A importância deste evento leva a organização a sublinhar que “a saúde mental diz respeito a todos”, apelando à participação ativa de instituições públicas, privadas e da sociedade civil. Este será um momento privilegiado para discutir políticas baseadas na evidência científica, cuidados centrados na pessoa e novas formas de intervenção social.

O Congresso Mundial de Saúde Mental já passou por 21 cidades e 20 países, nos cinco continentes. Agora, é Portugal que se junta a este movimento global, tornando-se o sétimo país europeu a acolher o evento.

Saiba mais sobre o evento em wfmhcongress2025.com.

Comparticipação do Estado nos tratamentos termais alivia utentes e impulsiona o turismo de saúde

6 de outubro, 2025

O Governo anunciou uma medida que promete dar novo fôlego ao setor da saúde termal em Portugal: a comparticipação estatal de até 110 euros por ano, por utente, para tratamentos termais, podendo isso significar até 35% do custo do tratamento, ainda que esteja dependente de prescrição médica, por norma da responsabilidade do médico de medicina geral e familiar, do SNS, tendo a validade de um ano. Além disso, cada tratamento termal deve ter uma duração mínima de 12 dias e máxima de 21 dias.

A decisão, que entrou em vigor desde o início de outubro, significando um aumento de 15 euros, “inscreve-se na estratégia de reforço da saúde preventiva e de valorização das estâncias termais, um património histórico e cultural do país que, nos últimos anos, tem procurado modernizar-se e conquistar novo espaço no mercado da saúde e do bem-estar”, pode ler-se numa comunicação partilhada pela agência Lusa.

A medida tem uma dupla ambição. Por um lado, facilitar o acesso dos cidadãos a terapias complementares reconhecidas pelos seus benefícios – alívio de dores reumáticas, melhoria da mobilidade, recuperação respiratória ou simples promoção do relaxamento físico e mental; por outro, dinamizar o setor termal português, muitas vezes concentrado em regiões do Interior, com impacto direto no turismo, na economia local e na criação de emprego.

Para os utentes, especialmente idosos ou pessoas com doenças crónicas, a comparticipação pode representar a diferença entre fazer ou não um tratamento. Num contexto em que os custos familiares pesam cada vez mais, o apoio do Estado é um incentivo claro à adesão. Do lado do sistema de saúde, há também ganhos indiretos: menos medicação analgésica, menor pressão sobre consultas de especialidade e melhor qualidade de vida para grupos vulneráveis.

No entanto, os 110 euros anuais podem revelar-se insuficientes para cobrir, de forma significativa, os custos de vários programas termais, pelo que será essencial definir critérios transparentes de elegibilidade, assegurar equidade territorial – dado que nem todas as regiões têm termas acessíveis – e acompanhar de perto a qualidade e segurança dos serviços.

Ainda assim, pela primeira vez nos últimos anos, o Estado assume de forma clara a relevância da saúde termal, não apenas como opção recreativa, mas como componente de uma política pública de saúde. Ao mesmo tempo, abre espaço para que o turismo de saúde e bem-estar se torne uma área estratégica, cruzando ciência, tradição e inovação.

Mais do que um simples apoio financeiro, esta decisão poderá representar um passo decisivo para que as termas portuguesas recuperem o lugar que já tiveram: de aliadas fundamentais na promoção da saúde e da qualidade de vida.

Sabe o que é a doença de Gaucher?

doença de Gaucher

5 de outubro, 2025

Definida como uma patologia hereditária rara, pertencente ao grupo das doenças lisossómicas de sobrecarga, a doença de Gaucher é causada pelo défice de enzima glucocerebrosidase (GBA), lacuna que leva à acumulação de gordura em células do organismo, sobretudo nos macrófagos (células essenciais do sistema imunitário cuja função é eliminar agentes patogénicos, detritos celulares e células mortas), desencadeando um conjunto de manifestações que vão da anemia à dor óssea crónica, hemorragias, problemas pulmonares e um maior risco de desenvolver doenças como Parkinson e problemas hemato-oncológicos.

Para potenciar a literacia sobre este problema, definiu-se outubro como o mês de sensibilização, sabendo-se que o diagnóstico precoce é chave para travar quadros irreversíveis. O alerta é de Anabela Oliveira, especialista de Medicina Interna no Hospital de Santa Maria, que sublinha que os atrasos no diagnóstico “podem resultar em lesões irreversíveis e complicações graves que limitam a funcionalidade e a qualidade de vida”, pode ler-se num comunicado partilhado pela biofarmacêutica Takeda.

A incidência da doença de Gaucher é de cerca de 1 em cada 50 mil nascimentos, estando identificados três tipos “que se distinguem pelo envolvimento ou não do sistema nervoso”, explica Anabela Oliveira. O tipo 1, “que corresponde a 90% dos casos, pode ser diagnosticado nas crianças e adultos, sendo as manifestações mais importantes o aumento do fígado e do baço, redução da hemoglobina provocando anemia, das plaquetas provocando hemorragias e dos glóbulos brancos associando-se a um aumento do risco de infeções – um aspeto importante é o envolvimento do osso com quadros de dor óssea crónica limitativa para as atividades da vida diária, necrose do osso, osteoporose e maior propensão para fraturas; já o tipo 2 e tipo 3 têm envolvimento do sistema nervoso”.

Em Portugal, os doentes são acompanhados em Centros de Referência de Doenças Hereditárias do Metabolismo, por equipas multidisciplinares que integram internistas, hematologistas, ortopedistas, pediatras e geneticistas. Estes centros realizam exames regulares para monitorizar a evolução e a resposta aos tratamentos. Nos últimos anos, os avanços têm sido significativos, tanto no diagnóstico como nas opções terapêuticas disponíveis, permitindo maior controlo da doença e melhor qualidade de vida.

“Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maior a eficácia do tratamento e menor o risco de complicações graves. Além disso, a sensibilização contribui para reduzir o estigma, promover investigação e acelerar o desenvolvimento de novas terapias.”
Anabela Oliveira, especialista de Medicina Interna no Hospital de Santa Maria

Com impacto físico, psicológico e social profundo, a doença de Gaucher exige não apenas tratamento médico especializado, mas também apoio multidimensional que permita aos doentes viver de forma mais plena e com menos limitações.

Para saber mais sobre esta patologia, visite o site da APL – Associação Portuguesa de Doenças do Lisossoma.

Vacinação sazonal contra a gripe e COVID-19 já começou: proteja-se neste outono-inverno

vacinação

A Campanha de Vacinação Sazonal 2025-2026 já arrancou em todo o país, mobilizando Unidades Locais de Saúde do SNS e mais de 2.500 farmácias comunitárias. Sob o lema “Vacine-se e proteja os momentos mais importantes”, a iniciativa pretende chegar a milhões de portugueses até à primavera.

Esta campanha decorre a 30 de abril de 2026, e a meta da Direção-Geral da Saúde (DGS) é vacinar 2,5 milhões de pessoas contra a gripe e 1,5 milhão contra a COVID-19 até ao Natal, numa operação que envolve diversas entidades nacionais e uma forte campanha de comunicação coordenada pelos SPMS – Serviços Partilhados do Ministério da Saúde.

O grande objetivo é claro: reduzir o risco de doença grave, hospitalizações e mortes provocadas por estas infeções, sobretudo nos meses em que a sua incidência é mais elevada. Este ano, a campanha dá particular destaque a três grupos prioritários: idosos com 60 ou mais anos, crianças entre os 6 e os 23 meses, e profissionais de saúde.

Relembra-se que a vacinação é gratuita para todos os grupos elegíveis e constitui, segundo a DGS, “uma das medidas mais eficazes para proteger não só quem se vacina, mas também a comunidade”.

Atlantic Health & Wellness Summit regressa ao Porto em outubro

Nos dias 10 e 11 de outubro, o Porto recebe a segunda edição do Atlantic Health & Wellness Summit (AHWS), um dos eventos de referência em Portugal dedicados à saúde, bem-estar e longevidade. O encontro terá lugar no Edifício da Alfândega do Porto e reunirá líderes, profissionais, investigadores e empresas nacionais e internacionais, com a organização a sublinhar que o objetivo do evento é “inspirar e mobilizar cidadãos e profissionais para estilos de vida mais saudáveis, reforçando o papel de Portugal no debate europeu sobre inovação em saúde e bem-estar”.

O programa prevê sessões plenárias, mesas-redondas, workshops práticos e painéis de inovação, com temas que vão da medicina preventiva às novas tecnologias aplicadas ao bem-estar.

Estão confirmados oradores de renome internacional e representantes de empresas e instituições que atuam nas áreas da saúde digital, longevidade ativa, nutrição, exercício e inovação tecnológica, sendo que podemos destacar, por exemplo, António Araújo, diretor de Oncologia Médica da ULS Santo António, Fatime Barbara Hegyi, investigadora e ativista em inovação urbana e comunitária; o príncipe Alexander von Liechtenstein, especialista em robótica e automatização na saúde, Maria de Belém Roseira, antiga ministra da saúde, e Nuno Maulide, multipremiado químico português e professor de química orgânica da Universidade de Viena, cuja palestra vai centrar-se na Expressão dos Neurotransmissores: Arte, Ciência e Saúde Mental.

Além das conferências, o AHWS contará com uma área de exposição para marcas e startups, potenciando networking e parcerias. O evento insere-se na estratégia de promoção da cidade invicta como hub de conhecimento e inovação em saúde.

Para conhecer o programa completo, lista de oradores e como fazer a inscrição, visite atlantichealthwellnesssummit.com.

Crise no acesso a antibióticos essenciais

Um novo estudo promovido pela agência de consultoria e pesquisa New Angle, patrocinado pela farmacêutica Viatris, alerta que a disponibilidade de antibióticos sem patente, enfrenta uma barreira estrutural na Europa, com impactos que já se fazem sentir em Portugal.

Segundo a pesquisa, entre 2020 e 2024, apesar do aumento nos custos de produção – que subiram mais de 30% -, o preço médio dos 10 antibióticos essenciais mais vendidos caiu cerca de 10%. Com dados recolhidos em 16 países, o estudo mostra que esta discrepância está a forçar empresas a abandonar o mercado, reduzindo a oferta e colocando em risco a saúde pública.

Um dos medicamentos mais afetados pela escassez é a amoxicilina que caiu perto de 19% no período estudado. Também a azitromicina figura entre os produtos com falhas mais recorrentes. No total, foram identificados 385 casos de escassez e 240 produtos retirados do mercado entre os países analisados.

“Os antibióticos sem patente são uma base essencial dos cuidados de saúde (…) e o nosso estudo mostra que, embora os preços continuem a cair, os custos de produção aumentam de forma acentuada, ameaçando a sua viabilidade e disponibilidade”. Margarida Bajanca, investigadora principal da New Angle

Para garantir um acesso seguro e sustentável, o estudo recomenda medidas concretas: “indexação dos preços à inflação”, “definição de valores mínimos e modelos de preços diferenciados”, além de “reformas na aquisição pública que considerem critérios além do menor preço”.