Covid-19: hidroxicloroquina foi responsável pela morte de quase 17 mil pessoas em seis países
São as conclusões de um estudo divulgado na revista científica Biomedicine & Pharmacotherapy.
Donald Trump chamou-lhe “cura milagrosa”, Jair Bolsonaro garantiu que a sua prescrição estava a “salvar milhares e milhares de vidas pelo Brasil”. Mas um estudo divulgado na revista científica Biomedicine & Pharmacotherapy sugere que a hidroxicloroquina provocou a morte de quase 17 mil pessoas em seis países.
Em 2020, nos primeiros meses da pandemia, o fármaco, destinado à prevenção e tratamento da malária, foi prescrito a doentes hospitalizados com covid-19, “apesar da ausência de provas que demonstrassem os seus benefícios clínicos”, sublinham os investigadores do estudo, que estimam que pelo menos 16.990 pessoas, de diferentes países – França, Bélgica, Itália, Espanha, Turquia e EUA – morreram como consequência da toma do medicamento.
A investigação teve como base um estudo publicado em 2021 na revista científica Nature, que associava a toma de hidroxicloroquina ao aumento de 11% da taxa de mortalidade. Partindo dessa percentagem, os investigadores, que estudam em universidades de Lyon, França e Canadá, analisaram os dados sobre internamentos por covid-19 em cada um daqueles seis países, bem como a toma de hidroxicloroquina e o aumento do risco relativo de morte associado ao fármaco.
Os autores do estudo admitem que o número de mortes possa ser mais elevado, tendo em conta que a investigação só abrange seis países, analisados entre março e julho de 2020, altura em que o medicamento foi amplamente prescrito, depois de ter sido considerado uma “cura milagrosa” para a covid-19 pelo então presidente norte-americano, Donald Trump, que a recomendou à população. “O que têm a perder? Tomem-na”, apelou, na altura.
Também o então presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, garantiu que a sua prescrição estava “salvar milhares e milhares de vidas pelo Brasil”.
Os autores do estudo concluem que este número de mortes associado à hidroxicloroquina “ilustra o perigo do reaproveitamento de medicamentos com evidências de baixo nível para a gestão de futuras pandemias”.