Dia Mundial do AVC: 50% dos doentes sem internamento especializado

Dia Mundial do AVC: 50% dos doentes sem internamento especializado

Portugal continua abaixo da média europeia no tratamento diferenciado do AVC, com apenas cerca de metade dos doentes a serem internados em unidades especializadas.

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No âmbito do Dia Mundial do AVC, celebrado hoje, a Portugal AVC – União de Sobreviventes, Familiares e Amigos alerta para uma realidade preocupante: mais de metade dos doentes que sofrem um Acidente Vascular Cerebral (AVC) em Portugal não tem acesso a internamento em Unidades de AVC (U-AVC), consideradas o padrão-ouro no tratamento e recuperação desta patologia.

Em comunicado, a instituição lembra que “apesar de Portugal ter subscrito, em 2021, o Plano de Ação para o AVC na Europa, que estabelece como meta até 2030 garantir que 90% dos doentes sejam internados em unidades especializadas, o país permanece longe desse objetivo. Atualmente, a taxa de internamento diferenciado situa-se apenas entre 40% e 50%, um valor que coloca Portugal na cauda da Europa, apenas acompanhado por Grécia e Roménia”.

O desafio é urgente, sublinha a associação, tendo em conta que “ocorrem cerca de 30 mil episódios de AVC por ano em Portugal, o equivalente a mais de três novos casos por hora”, o que contribui para que o AVC se mantenha como “a principal causa de morte e a maior causa de incapacidade adquirida no país, com um impacto profundo não apenas na saúde, mas também na economia e na vida das famílias”.

“A reabilitação, que é imperioso que aconteça numa autêntica Via Verde, com possibilidade de intervenção também da Fisioterapia, da Terapia da Fala, da Terapia Ocupacional e da Neuropsicologia, pode e deve começar nas primeiras 48 horas.”
António Conceição, presidente da Portugal AVC – União de Sobreviventes, Familiares e Amigos

O internamento em Unidades de AVC é considerado essencial para reduzir a mortalidade, limitar as sequelas e acelerar a recuperação funcional. Estas unidades permitem uma abordagem coordenada e multidisciplinar que integra diagnóstico rápido, tratamento agudo e início precoce da reabilitação — fatores decisivos para o prognóstico do doente.

A Portugal AVC defende medidas estruturais concretas, que passam pela expansão da rede de Unidades de AVC, o aumento do número de camas dedicadas e o reforço das equipas multidisciplinares, incluindo especialistas em reabilitação e neurociências.

“Este é um aspeto fulcral em todos os sentidos: não só nas vidas salvas e na qualidade de vida após o AVC, mas também na diminuição de custos enormes para o próprio, a família, a sociedade e o Estado. Não é um custo — é um investimento com rápido retorno”, reforça António Conceição, presidente da Portugal AVC

O alerta da Portugal AVC sublinha, assim, “a necessidade de um compromisso político e institucional efetivo, que garanta o cumprimento das metas europeias e assegure que todos os portugueses, independentemente da sua região, tenham acesso ao melhor tratamento possível após um AVC”.