Entrega de medicamentos hospitalares nas farmácias vai poupar 185 milhões de euros por ano aos utentes
A medida integra o OE para 2023 e o ministro anunciou esta semana que vai avançar, mas o bastonário dos farmacêuticos diz que a sua aplicação só deverá acontecer para o fim do ano, abrangendo entre 100 a 200 mil doentes.
O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos (OF), Helder Mota Filipe, já fez as contas a quanto é que os utentes ganham com a disponibilização dos medicamentos usados só em ambiente hospitalar nas farmácias comunitárias e chegou à conclusão que os utentes vão poupar cerca de 185 milhões de euros.
Ao “Diário de Notícias”, o responsável máximo da OF explica que estes números demonstram bem os ganhos que o grupo de doentes que está a ser tratado para doenças oncológicas, auto-imunes e VIH, podem obter com esta medida.
Segundo Helder Mota Filipe, tendo em conta que este grupo abrange entre 100 a 200 mil doentes, que uma vez por mês ou de três em três ou até de seis em seis têm de se deslocar ao hospital para levantar a medicação – só a poupança média em quilómetros nas deslocações pode ir até 112 km por ano.
Ao “DN”, o bastonário da OF refere ainda que a isto “há a juntar a poupança média de quase 15 euros em cada deslocação (14.30 euros), o que, neste universo de doentes, pode resultar em menos 185 milhões de euros gastos por ano”. Mas a poupança, como sublinha o bastonário, também se vai refletir no tempo disponível, já que se estima que cada doente gasta atualmente, em média, 5,5 horas em cada deslocação.
Para o representante da Ordem dos Farmacêuticos, com quem a tutela tem discutido a forma de aplicar a medida, juntamente com a Associação Nacional das Farmácias, tais números demonstram “as vantagens que esta mudança na disponibilização de medicamentos traz para os doentes. A medida tem vantagens para os hospitais, sem dúvida, que lidam hoje com um problema grave de recursos humanos também nesta área e assim ficam com mais profissionais disponíveis para outras funções, mas as mais importantes são as vantagens para os doentes”, diz, sublinhando que com esta mudança “muitos doentes vão deixar de fazer viagens só para recolher a medicação. E se há doentes que vivem junto aos hospitais, outros têm de vir do Alentejo ou do Algarve só para ter acesso a eles.”
Por outro lado, refere, esta mudança na dispensa de medicamentos representa também um passo na estratégia de proximidade dos farmacêuticos aos utentes. “Os farmacêuticos têm de se adaptar cada vez mais à realidade dos tempos, sendo preciso mudar o paradigma de que um farmacêutico tem de estar atrás de um balcão. O farmacêutico tem de ir aonde está o doente e é esta atitude que estamos a tentar transmitir às novas gerações”, argumenta.