Especialistas alertam que diabetes duplica risco de perda auditiva
Assinala-se hoje o Dia Mundial da Diabetes, uma data que reforça a importância da prevenção e da gestão integrada desta doença crónica, que afeta cerca de 1,1 milhão de adultos em Portugal.

Este ano, especialistas em audiologia destacam uma ligação frequentemente negligenciada: a relação entre a diabetes e a perda auditiva.
De acordo com estudos recentes, os adultos com diabetes têm o dobro da probabilidade de sofrer perda auditiva em comparação com pessoas sem a doença. A perda é geralmente sensorioneural, resultante de danos permanentes nas células do ouvido interno ou no nervo auditivo. O problema tende a começar nas frequências mais altas, tornando difícil compreender conversas em ambientes ruidosos ou distinguir sons agudos — sintomas que muitas vezes passam despercebidos.
Um estudo do National Institute of Health (NIH) revelou que 21% dos participantes com diabetes apresentavam perda auditiva, face a 9% dos adultos sem diabetes. A diferença é ainda mais marcada nas altas frequências, essenciais para a compreensão da fala, afetando54% dos diabéticoscontra32% dos não diabéticos.
Os investigadores apontam para a influência dos níveis elevados de açúcar no sangue, que podem danificar os nervos e vasos sanguíneos do ouvido interno, num mecanismo semelhante ao que afeta a visão, os rins ou o coração.
“A diabetes pode ser um fator de risco para a perda auditiva. A nossa missão no Dia Mundial da Diabetes é sensibilizar para o facto de que a gestão da doença deve ser holística. Um rastreio auditivo regular é um passo simples, mas fundamental, para garantir uma melhor qualidade de vida.”
Alexandra Margarido, audiologista na Widex – Especialistas em Audição
Os especialistas reforçam a mensagem: as pessoas com diabetes devem realizar exames auditivos regulares como parte da sua rotina de cuidados de saúde, mesmo na ausência de sintomas evidentes. A deteção precoce é essencial para uma intervenção eficaz e pode evitar que a perda auditiva se torne irreversível.
Esta chamada de atenção surge num momento em que a diabetes continua a ser uma das doenças crónicas mais prevalentes e de crescimento mais rápido, exigindo uma abordagem integrada que una medicina, tecnologia e prevenção para proteger não apenas o coração e os olhos, mas também o ouvido.



