Especialistas e doentes querem vacina contra a zona no programa de vacinação

Especialistas e doentes querem vacina contra a zona no programa de vacinação

Defendem ser “prioritário que o Governo tome as medidas necessárias para aumentar a acessibilidade à vacina”, dado que esta “contribui para a sustentabilidade e resiliência do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Especialistas e doentes apelaram ao Governo para incluir a vacina contra a zona no Programa Nacional de Vacinação, sublinhando que cada internamento por esta doença custa cerca de 3.000 euros ao Estado. “Numa altura em que o Governo prepara o Orçamento do Estado para 2025, queremos apelar à importância de assegurar o investimento na prevenção da doença como o melhor garante da sustentabilidade do SNS e de maior qualidade de vida para os Portugueses”, defendem numa carta aberta, citada pela Lusa, dirigida à ministra da Saúde, à diretora-geral da Saúde e aos deputados à Assembleia da República.

Os subscritores – as sociedades portuguesas de Medicina Interna, de Saúde Pública, de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, de Pneumologia, Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Liga Portuguesa Contra as Doenças Reumáticas, o Grupo de Ativistas em Tratamento (GAT) e as associações portuguesas da Psoríase e de Insuficientes Renais – elucidam que em 2023 foram notificados nos cuidados de saúde primários 22.000 casos de Herpes Zóster (zona) e realizadas 28.000 consultas relacionadas com esta doença.

“Estes são os números oficiais dos cuidados de saúde primários que não contemplam sequer as urgências hospitalares e dos prestadores privados”, observam, acrescentando que a cada dois dias, uma pessoa é internada com zona, e os doentes passam em média duas semanas no hospital, custando ao estado português cerca de 3.000 euros por cada internamento. Estima-se que oito em cada dez dos internados eram considerados ‘saudáveis’. Alertam também que sete em cada dez pessoas desenvolvem complicações, tais como encefalites, meningites, nevralgia pós-herpética, herpes zoster oftálmico.

Por tudo isto, defendem ser “prioritário que o Governo tome as medidas necessárias para aumentar a acessibilidade à vacina”, dado que esta “contribui para a sustentabilidade e resiliência do Serviço Nacional de Saúde (SNS). A pressão que se faz sentir nos cuidados agudos e relativos à doença crónica reforça a necessidade de implementação de estratégias que garantam a retirada de utentes dos cuidados hospitalares, promovendo uma cultura de prevenção que reduza a ida às urgências e internamentos”.

Ao contrário de outras vacinas presentes no Programa Nacional de Vacinação, segundo os estudos mais recentes, esta vacina garante proteção durante, pelo menos, 11 anos.

A vacina faz parte do Programa Nacional de Vacinação da maioria dos países europeus, entre eles, Espanha, Itália, Grécia, Suíça, Luxemburgo, Reino Unido, Bélgica, Países Baixos, Polónia, Alemanha, Eslovénia e Chipre, existindo recomendações da sua utilização em 19 países europeus. Também em países como os EUA, Canadá e Austrália existem atualmente recomendações que asseguram a prevenção desta doença nas populações vulneráveis.