Estarão as farmácias comunitárias bem distribuídas em Portugal?
Artigo de Opinião de Daniela Santos.

A rede de farmácias comunitárias desempenha um papel fundamental na prestação de cuidados de saúde aos cidadãos portugueses. São pontos de referência para a dispensa de medicamentos, aconselhamento farmacêutico e promoção da saúde. No entanto, uma questão que merece ser analisada é a distribuição dessas farmácias pelo território nacional. Estarão elas bem distribuídas em Portugal?
Olhando para o mapa das farmácias comunitárias em Portugal, é evidente que existem disparidades significativas entre regiões. Enquanto em áreas urbanas densamente povoadas é possível encontrar uma farmácia praticamente em cada esquina, zonas rurais e remotas frequentemente sofrem com a escassez de serviços farmacêuticos. Essa desigualdade geográfica cria desafios no acesso aos cuidados de saúde, particularmente para as populações mais vulneráveis.
A falta de farmácias comunitárias em áreas rurais tem impactos negativos diretos na qualidade de vida das pessoas. Idosos, pessoas com mobilidade reduzida ou com limitações financeiras podem ter dificuldades em deslocar-se a uma farmácia distante para obterem os medicamentos de que necessitam. Isso pode resultar em atrasos no tratamento, interrupção da terapêutica e consequências negativas para a saúde. Além disso, em situações de emergência, a ausência de uma farmácia próxima pode representar um risco acrescido para os habitantes dessas regiões.
É fundamental garantir uma distribuição equitativa das farmácias comunitárias em todo o país. Isso implica um esforço conjunto entre o governo, as autoridades de saúde e os farmacêuticos. Uma estratégia adequada envolveria incentivos para a abertura de farmácias em áreas desprovidas desse serviço, como apoios financeiros e redução de burocracia. Além disso, é necessário um planeamentoo eficiente, baseado em critérios demográficos e epidemiológicos, para identificar as regiões mais necessitadas.
É importante reconhecer que a densidade populacional e a viabilidade económica são fatores que influenciam a decisão de localização das farmácias. No entanto, não se pode permitir que esses fatores sejam os únicos determinantes. É necessário um olhar mais abrangente que considere o direito à saúde e a equidade no acesso aos cuidados farmacêuticos. Uma abordagem que combine critérios de mercado com critérios de necessidade de saúde é essencial para alcançar uma distribuição adequada das farmácias comunitárias em Portugal.
Além disso, não podemos esquecer o potencial das tecnologias digitais para complementar a oferta das farmácias comunitárias. A telefarmácia e a entrega de medicamentos ao domicílio são soluções que podem ajudar a mitigar os desafios de acesso em áreas remotas. A expansão dessas iniciativas e a promoção da literacia digital podem ser estratégias complementares para garantir que todas as pessoas tenham acesso aos medicamentos e ao aconselhamento farmacêutico, independentemente da sua localização geográfica.
Por fim, a distribuição das farmácias comunitárias em Portugal é ainda desigual, com áreas rurais e remotas a sofrerem com a escassez desse serviço essencial de saúde. É necessário um esforço conjunto para garantir uma distribuição equitativa, através de incentivos para a abertura de farmácias nessas regiões e da adoção de critérios de necessidade de saúde. Além disso, o aproveitamento das tecnologias digitais pode ser uma estratégia complementar. É fundamental que todos os cidadãos tenham acesso aos cuidados farmacêuticos, independentemente do local onde residam. A saúde é um direito universal que não pode ser negligenciado.