Estudo prevê mais de 39 milhões de mortes por infeções resistentes a antibióticos até 2050

Estudo prevê mais de 39 milhões de mortes por infeções resistentes a antibióticos até 2050

Especialistas portugueses integram a mais recente edição do World’s Top 2% Scientists 2024 Ranking, da Universidade de Stanford e da editora Elsevier.

As mortes por infeções bacterianas podem atingir quase 40 milhões de pessoas nos próximos 25 anos. A responsabilidade deverá ser das superbactérias que se tornarão resistentes aos medicamentos destinados a tratá-las, revela um estudo agora conhecido. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já tinha alertado para a questão das superbactérias, a que chamou de RAM – resistência aos antibióticos.

A RAM ocorre quando microrganismos – bactérias, fungos, vírus e parasitas – sofrem alterações quando expostos a medicamentos que combatem os micróbios, como antibióticos, antifúngicos, antivirais, antimaláricos ou anti-helmínticos, por exemplo.

Quando os elementos patogénicos como bactérias e fungos desenvolvem a capacidade de escapar aos medicamentos usados para matá-los esses micróbios ganham a categoria de ultrarresistentes.De acordo com a OMS, “uma das maiores ameaças globais à saúde pública e ao desenvolvimento” é motivada pelo uso indevido e excessivo de medicamentos antibióticos em humanos, animais e plantas, o que pode ajudar os micróbios a desenvolver resistência a essa medicação.

A OMS acrescenta que, em 2050, morrerá mais gente por ano devido a infeções resistentes a antibióticos do que por cancro.

“A resistência a antibióticos faz parte de um processo evolutivo natural. Os maiores produtores de antibióticos são as próprias bactérias. Uma bactéria capaz de atirar uma porção de antibiótico para o meio de outras, mata-as, garantindo que essas que estão a competir por espaço e nutrientes deixem o caminho livre”, argumenta a microbiologista Natalia Pasternak, presidente do Instituto Questão de Ciência e pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, citada na publicação brasileira O Globo.

A partir desta base de conhecimento, o novo estudo revela que, quando se trata da prevalência da RAM e os seus efeitos, os autores “estimam que piore“.

“Ao analisar o papel da RAM nas mortes por sepsis, descrevemos uma tendência crescente e preocupante de que, quando alguém morre de sepsis, a probabilidade de o organismo causador da infeção ser resistente a medicamentos é 25 por cento maior em 2019 em relação a 1990”, descreve o estudo.

O autor principal, Chris Murray, diretor do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde da Universidade de Washington, deixa claro: “Precisamos de atenção apropriada sobre os novos antibióticos e administração dos mesmos para que se possa abordar o que é realmente um problema muito grande”.