Estudo revela elevado risco cardiovascular da população portuguesa
Um novo estudo sobre o perfil de risco cardiovascular da população portuguesa, financiado pela Servier Portugal, vem confirmar uma realidade preocupante: cinco a seis em cada dez portugueses apresentam um risco cardiovascular “elevado” ou “muito elevado”.

A investigação, que envolveu quatro países europeus, entre eles Portugal, sublinha ainda diferenças regionais significativas, reforçando a importância de estratégias de prevenção personalizadas e adaptadas às especificidades locais.
Os resultados mostram que Portalegre regista o risco mais alto, enquanto Viana do Castelo apresenta os valores mais baixos, uma disparidade que, segundo os investigadores, “demonstra a necessidade de abordagens regionais”.
“Conhecer melhor a nossa realidade local pode mudar comportamentos, não só da população, mas também dos próprios médicos”, afirma Francisco Araújo, presidente da Sociedade Portuguesa de Aterosclerose e um dos autores do estudo.
O especialista sublinha ainda o impacto do envelhecimento demográfico no aumento do risco cardiovascular: “Somos uma população cada vez mais envelhecida, e a idade é o principal marcador de risco cardiovascular.”
De acordo com os autores do estudo, fatores como “colesterol elevado e hipertensão continuam a estar entre os principais contribuintes para a doença”. Uma avaliação médica regular é, por isso, essencial para identificar precocemente o risco e adotar medidas preventivas eficazes. “Uma consulta médica pode fazer toda a diferença, seja pela introdução de medicação preventiva, seja pela promoção de hábitos de vida saudáveis”, destaca Francisco Araújo.
Além do impacto na saúde, a prevenção precoce traduz-se também em benefícios económicos significativos. “Quando falamos de pessoas com risco elevado, o custo associado a um evento cardiovascular pode ser imenso — desde a recuperação até às sequelas. Investir na prevenção é investir em ganhos reais para todos”, reforça o especialista.
O estudo foi conduzido pela Tonic Easy Medical, com orientação científica de Cristina Gavina e Francisco Araújo. Publicado na revista Frontiers in Cardiovascular Medicine, o trabalho utilizou uma aplicação digital inovadora para avaliar o risco cardiovascular em pessoas aparentemente saudáveis, através de múltiplos parâmetros clínicos.
Os investigadores alertam ainda para uma tendência preocupante: a subestimação do risco cardiovascular. “Somos péssimos a fazer cálculos do risco. Já realizámos estudos em Portugal onde pedimos às pessoas para se autoavaliarem, e há uma clara tendência para minimizar o perigo”, adverte Araújo.
A recomendação é clara: intensificar o rastreio e desenvolver estratégias de prevenção personalizadas, com um papel central dos médicos de família, que continuam a ser os principais intervenientes na gestão do risco cardiovascular dentro do Serviço Nacional de Saúde.



