Estudo revela impacto do teste de creatinina na deteção e classificação da lesão renal aguda

Estudo revela impacto do teste de creatinina na deteção e classificação da lesão renal agudas

Este estudo sublinha a necessidade crítica de revisão das práticas hospitalares para a frequência de testes de creatinina, visando uma deteção e estadiamento mais precisos da lesão renal aguda.

Uma equipa de investigadores portugueses liderada por Catarina Luz Oliveira, em colaboração com Filipa Duarte-Ramos, Filipa Alves da Costa e Fernando Fernandez-Llimos, publicou um estudo revelador sobre a importância da frequência de testes de creatinina sérica (SCr) em utentes internados, para a identificação e classificação da lesão renal aguda (LRA). O estudo, intitulado “Efeitos da frequência de testes de creatinina em pacientes internados na identificação e estadiamento da lesão renal aguda: um estudo de coorte histórico”, foi aceite a 20 de Dezembro de 2023, prometendo trazer mudanças significativas nas práticas hospitalares.

A LRA é uma condição multifatorial, frequentemente induzida por medicamentos comuns em ambientes hospitalares, que exige monitorização constante da função renal para sua identificação e estadiamento corretos. O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto das práticas reais dos hospitais em relação aos testes de SCr na deteção e estadiamento da LRA, bem como suas implicações para o ajuste de doses de medicamentos.

Utilizando registos hospitalares de todos os uentes adultos admitidos entre 1 de Junho de 2018 e 31 de Dezembro de 2020, o estudo excluiu utentes sem avaliação de SCr durante a estadia ou com SCr na admissão ≥ 2 mg/dL. A LRA foi determinada usando os critérios AKIN e KDIGO, considerando os intervalos de tempo entre dois testes de SCr, além de identificar utentes com aumentos de SCr que excediam os limites de LRA, independentemente do intervalo de tempo.

Os resultados mostraram que, durante o período de estudo, entre 17.032 hospitalizações com uma duração de estadia superior a 48 horas, 46,8% experienciaram períodos sem testes de SCr por mais de 48 horas. Foi identificada alguma fase de LRA em 7,0% dos pacientes usando os critérios de AKI e em 9,1% com os critérios KDIGO. Ignorar os limites de tempo em ambos os critérios revelou potencial LRA em 1942 pacientes (11,2%), indicando um potencial subdiagnóstico de LRA em 37,5% ou 19,1%, dependendo do critério utilizado.

Surpreendentemente, 76 medicamentos que requerem ajuste de dose em utentes com uma taxa de filtração glomerular estimada (eGFR) ≤ 50 ml/min foram prescritos em 78,5% das admissões. Estes medicamentos foram prescritos em 87,9% dos utentes potencialmente subdiagnosticados com AKIN e em 88,9% com KDIGO.

A conclusão do estudo apela a mudanças nos procedimentos hospitalares estabelecidos para garantir testes de SCr mais frequentes. A implementação de um âmbito de prática avançado para farmacêuticos clínicos poderia apoiar essas mudanças, melhorando significativamente a deteção e o manejo da LRA em utentes hospitalizados, além de ajustar adequadamente as doses de medicamentos, mitigando os riscos associados.

Este estudo representa um passo crucial na melhoria da segurança do paciente e na eficácia do tratamento em ambientes hospitalares.