Farmacêuticos em França ganham papel central na vacinação

Farmacêuticos em França ganham papel central na vacinação


França amplia o papel dos farmacêuticos na vacinação, melhorando a acessibilidade e eficácia das campanhas de imunização.


As autoridades de saúde francesas anunciaram uma mudança significativa na administração de vacinas, permitindo que os farmacêuticos desempenhem um papel fundamental na expansão da cobertura de vacinação em todo o país. Essa decisão representa uma reviravolta notável em relação à abordagem anterior da França em relação à vacinação e deve entrar em vigor no primeiro trimestre de 2023.

Até recentemente, a França estava entre os países europeus mais relutantes em permitir que farmacêuticos participassem ativamente na administração de vacinas. Em contraste, países como o Reino Unido, Irlanda e Portugal já haviam adotado essa prática há mais de uma década. No entanto, a pandemia da COVID-19 alterou drasticamente essa paisagem, levando as autoridades francesas a reconsiderar seu enfoque na vacinação.

A partir de 2023, os farmacêuticos treinados terão permissão para prescrever e administrar uma ampla gama de vacinas, incluindo aquelas para difteria, tétano, poliomielite, coqueluche, gripe, HPV, sarampo, rubéola, hepatite A, hepatite B, meningococo A, meningococo B, pneumococo, varicela, herpes-zóster, febre amarela e raiva, entre outros. A única exceção será a administração de vacinas vivas, como MMR e BCG, que será reservada para pacientes imunocomprometidos.

Esta mudança é acompanhada de um esforço adicional para expandir a formação para profissionais de saúde, de acordo com as recomendações da Haute Authorité de Santé (HAS). A legislação para permitir que os farmacêuticos prescrevam vacinas deverá ser concluída em dezembro, eliminando a necessidade de obter uma receita médica antes de visitar uma farmácia para a vacinação, tornando o processo mais conveniente para o público.

Outra inovação inclui a introdução de um registro eletrónico de vacinação, que será integrado aos registos de saúde digitais dos cidadãos franceses a partir de 2023. Embora a adoção do sistema possa levar algum tempo, isso coloca a França na vanguarda da saúde digital, com o potencial de influenciar as discussões em nível da União Europeia sobre o Espaço Europeu de Dados de Saúde.

Essa mudança na França segue uma tendência crescente na Europa, onde farmacêuticos em outros países, como Alemanha, Itália e Bélgica, também estão desempenhando um papel cada vez mais importante na administração de vacinas. Na Alemanha, por exemplo, cerca de 6.000 farmacêuticos receberam formação para fornecer vacinação contra a COVID-19, recebendo pagamentos equivalentes aos médicos pela prestação desse serviço.

A resposta do público a essa mudança tem sido positiva em toda a Europa, com pesquisas indicando alta satisfação em relação à conveniência da vacinação nas farmácias. Essas medidas não apenas facilitam o acesso às vacinas, mas também desempenham um papel crucial na superação da hesitação e da complacência em relação às vacinas.

À medida que os farmacêuticos se tornam uma parte cada vez mais vital dos esforços para melhorar as taxas de vacinação em toda a Europa, resta saber se mais países seguirão o exemplo ambicioso estabelecido pela França. Esta mudança representa um passo significativo em direção a uma maior acessibilidade e eficácia das campanhas de vacinação em todo o continente, podendo servir de modelo a implementar em Portugal.