Farmacêuticos Fazem-se Ouvir: Mais uma Demissão
A diretora dos serviços farmacêuticos do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa apresentou a sua demissão, alegando falta de recursos, uma decisão que foi aceite pelo Conselho de Administração.

A demissão da diretora dos serviços farmacêuticos do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, alegando falta de recursos, reflete uma preocupante situação no sistema de saúde nacional que está a afectar profundamente a qualidade dos cuidados prestados aos Utentes. Como farmacêuticos, devemos ver esta situação como um sinal alarmante dos desafios enfrentados pelos profissionais de saúde e, principalmente, pelos utentes que dependem desses serviços.
Por todo o país têm-se manifestado situações complexas de fecho de urgências, utentes encaminhados, utentes não atendidos…
A falta de recursos humanos é um problema crítico em muitas áreas da saúde, e a farmácia hospitalar não é exceção.
A preparação de medicamentos, especialmente os citotóxicos usados em oncologia, requer uma atenção meticulosa e verificações rigorosas para garantir a segurança dos utentes. A escassez de farmacêuticos pode comprometer a capacidade de realizar essas verificações duplas, aumentando o risco de erros na administração de medicamentos, o que é inaceitável quando lidamos com utentes com cancro.
Além disso, a demissão da diretora também levanta preocupações sobre o impacto da falta de recursos humanos na produção de medicamentos essenciais para o tratamento diário dos utentes. Atrasos na produção de citotóxicos podem resultar em atrasos nos tratamentos, o que é prejudicial para a saúde e o bem-estar dos doentes.
Devemos considerar que esta situação não é isolada. O sistema de saúde nacional enfrenta pressões crescentes, incluindo limitações orçamentais, falta de investimento em infraestrutura e um crescente volume de pacientes, apesar da administração do IPO referir o contrário.
Esses fatores combinados podem criar um ambiente de trabalho insustentável para os profissionais de saúde, levando a demissões e exaustão.
Enquanto farmacêuticos, é nosso dever garantir a segurança e eficácia dos medicamentos que administramos aos utentes. No entanto, sem os recursos adequados, essa tarefa torna-se cada vez mais difícil. É crucial que as autoridades de saúde reconheçam e abordem essas questões de forma proativa, investindo em recursos humanos e infraestrutura para garantir que os doentes recebam os cuidados de qualidade que merecem. A qualidade da assistência médica não pode ser comprometida devido a problemas no sistema de saúde, e é hora de agir para corrigir essa situação preocupante.