Farmacêuticos querem entregar medicamentos em casa ou nos lares
O projeto de dispensa de medicamentos hospitalares nos locais onde estão os utentes tem a assinatura da Ordem dos Farmacêuticos, da Ordem dos Médicos e de associações de doentes.
Quem já não vivenciou uma situação de saúde que o leve a pensar: “Vou à farmácia ver o que é”, mesmo antes de pensar no seu médico ou numa ida às urgências. Ou então, perdido no meio de tantos medicamentos em casa, questionar: “Para que serve este? E aquele? Vou à farmácia saber”.
Os exemplos são muitos, mas a verdade é que todas estas situações colocam o farmacêutico comunitário como o primeiro contacto no que toca à saúde dos utentes e como uma porta de entrada para o Serviço Nacional de Saúde (SNS). E é exatamente esta proximidade que a classe pretende ampliar e reforçar no futuro.
“É fundamental que a proximidade dos serviços não pare na farmácia. É preciso ir até onde está o utente que precisa de medicamentos, quer seja em casa, quando está acamado ou não pode sair, quer seja no lar ou numa unidade de cuidados continuados”, explicou ao DN o bastonário dos farmacêuticos, Helder Mota Filipe. E o argumento com que justifica a tarefa é tão-só o de “melhorar os serviços e evitar idas desnecessárias aos centros de saúde ou aos hospitais única e exclusivamente para aceder a receitas e a medicação, e, ao mesmo tempo, poupar custos ao sistema”.
Mas não só. O objetivo é também que os farmacêuticos possam exercer em pleno as várias tarefas para as quais são formados, como “renovação da prescrição”, “revisão da terapêutica”, ajudando na gestão dos medicamentos quer na farmácia domiciliária ou na dos lares, de forma a evitar desperdícios ou usos inadequados”, e “promover a literacia em saúde”.
Os farmacêuticos já apresentaram à tutela um projeto sobre a dispensa de medicamentos hospitalares em contexto de proximidade, onde definem o que querem e o que podem fazer para apoiar o SNS, em abril do ano passado, mas até agora não obtiveram respostas.
Segundo explicou ao DN o bastonário, o projeto foi discutido com outros parceiros, Ordem dos Médicos e associações de doentes crónicos, que já deram o seu acordo. O que falta mesmo “é uma estratégia nacional que permita aos farmacêuticos desenvolver as suas funções à medida que a profissão também evoluiu”. E isto “a bem do doente que está acamado, que não se pode movimentar ou que tem demência, como de alguns serviços do SNS, cuidados primários e hospitalares, que podem ser aliviados em algumas tarefas que hoje lhes causam muita pressão”, sublinhou.