Genéricos ultrapassam 50% de quota de mercado pela primeira vez em Portugal

Genéricos ultrapassam 50% de quota de mercado pela primeira vez em Portugal

Dados da APOGEN indicam que o sector já tem 51,2% da quota de mercado e permitiu poupanças de 260 milhões ao Estado e famílias este ano.

O número de medicamentos genéricos no mercado português atingiu um novo recorde este ano, tendo registado uma quota de mercado de 51,2% em abril. É a primeira vez que a fasquia dos 50% é ultrapassada e representa uma subida de 1,9% face ao ano passado.

Os dados foram apresentados pela Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (APOGEN), que sublinha que este “marco histórico” se traduz no “aumento do acesso ao medicamento, na contribuição para a sustentabilidade das famílias e do SNS e na libertação de recursos para o financiamento da inovação“.

No entanto, alerta a APOGEN em comunicado, “continuam a existir ineficiências que impedem uma maior adoção”. Exemplo disso, de acordo com a associação, é o facto de Portugal continuar a ter uma quota de mercado de medicamentos genéricos abaixo de outros países europeus, nomeadamente da Alemanha (83%) e Reino Unido (85%).

“Continua-se a assistir à saída de medicamentos genéricos do mercado devido à sua inviabilidade económica”, alerta a associação referindo que, no ano passado, “dos medicamentos (apresentações) descontinuados, 67% eram medicamentos genéricos”. Ao mesmo tempo, “no início desta semana, do total de medicamentos (apresentações) em rutura no site do Infarmed, 79% eram medicamentos genéricos. Tal condiciona o acesso das populações à saúde e impacta negativamente os custos suportados pelos doentes e pelo SNS”, reitera o mesmo comunicado.

Por isso, a APOGEN apela ao Governo para “criar um consenso que permita um equilíbrio entre a sustentabilidade da despesa em saúde com a competitividade e atratividade da indústria farmacêutica que investiga, desenvolve, produz e comercializa” estes medicamentos.

Só em 2023, a venda de medicamentos genéricos permitiu gerar uma poupança de cerca de 260 milhões de euros ao Estado e às famílias portuguesas, segundo o contador da associação.