Governo estuda possibilidade de dar às farmácias poder de referenciação de doentes
A proposta foi apresentada pela ANF e prevê o alargamento dos serviços prestados. O objetivo é transformar a farmácia comunitária numa “porta de entrada” para o SNS.
Está em avaliação por parte do governo a proposta apresentada pela ANF para que as farmácias se possam tornar oficialmente uma “porta de entrada” dos utentes no SNS. O tema é uma das matérias que está em debate esta semana no 14.º Congresso das Farmácias, que decorre até sábado, 11 de fevereiro, em Lisboa.
O documento, que já foi entregue no Ministério da Saúde, prevê o alargamento dos serviços prestados aos cidadãos, levando a que as farmácias passem a atuar em complementaridade com a linha SNS24, referenciando os doentes para os diferentes níveis de cuidados e ajudando assim a reduzir a pressão nos centros de saúde e hospitais.
Em declarações ao “Jornal de Notícias”, a presidente da ANF, Ema Paulino, revelou que o Ministério da Saúde “que manifestou abertura para avaliar os projetos, embora ainda não tenham sido dados passos concretos”.
“As farmácias estão disponíveis para trabalhar de forma colaborativa porque querem ser parte da solução”, apontou Ema Paulino, que salientou que “o papel das farmácias tem de ser aumentado”, também na melhoria da literacia em saúde, no aconselhamento, na “prescrição” de autocuidados, na gestão da medicação e, em breve, na renovação das receitas dos doentes crónicos, o que vai permitir “aliviar muito o trabalho” nas unidades de saúde.
A presidente da ANF deu o exemplo da realização de testes na farmácia que permitem rapidamente diferenciar se uma infeção é de origem vírica ou bacteriana: se for bacteriana, o doente tem de ser avaliado por um médico; já se for vírica, “a situação pode resolver-se na farmácia” com medicamentos não sujeitos a receita médica. “Com o resultado do teste, podemos decidir se referenciamos o doente para outro nível de cuidados ou resolvemos na farmácia”, referiu.
Recorde-se que a renovação de receituário é uma medida inscrita no Orçamento do Estado para 2023 que vai ter um impacto na vida das pessoas e no trabalho dos hospitais e centros de saúde, já que as farmácias vão passar a fazer a renovação das receitas de medicamentos para cerca de 150 mil doentes crónicos, prescritos no SNS.