Helder Mota Filipe defende que “o País precisa de uma reserva de medicamentos”

Helder Mota Filipe defende que “o País precisa de uma reserva de medicamentos”

Em entrevista à “CNN Portugal”, o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos fala da necessidade de antecipar ruturas e diz que os farmacêuticos foram mal aproveitados durante a pandemia.

O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos (OF) defende que Portugal deve passar a ter uma reserva de medicamentos. Em entrevista à “CNN Portugal”, Helder Mota Filipe explica que esta reserva não deve servir apenas para situações de catástrofe, mas também para evitar ruturas como as que se têm verificado nos últimos meses.

“O país precisa de uma reserva de medicamentos. Precisa de ter capacidade de identificar facilmente as causas, o potencial risco de haver falhas de medicamentos no mercado e ter, na medida das suas possibilidades, facilidade de as resolver”, defendeu o responsável da OF.

De acordo com Helder Mota Filipe, “uma das medidas a aplicar seria a tal lista com medicamentos que numa determinada fase não podem ser exportados”, mas sublinha que Portugal “precisa também, e aqui não para todos os medicamentos, mas para medicamentos essenciais, de ter uma reserva estratégica de medicamentos modernos”.

Segundo explicou, esta reserva estratégica serviria para dar resposta a “situações de catástrofe, como uma guerra química ou biológica ou um atentado com um gás de sarin ou qualquer coisa, que precisa de antídotos específicos, como um problema nuclear” mas, sublinha, “é preciso também que não faltem medicamentos para problemas de saúde pública”.

“Não devemos pensar que essa reserva estratégica é um grande armazém com lotes destes produtos, que são injetáveis de grande volume, os vulgares soros, antibióticos específicos de largo espetro, anti-inflamatórios – tudo aquilo que é importante nas primeiras horas, nos primeiros dias de uma catástrofe natural”, explicou, frisando que “o que faz sentido é garantir que há uma quantidade circulante superior e que não pode ser mobilizada, a não ser que as autoridades decidam”.

Na entrevista que concedeu à “CNN Portugal”, o bastonário da OF lamenta ainda a forma como as autoridades olharam para os farmacêuticos durante a pandemia. “Foram tardiamente aproveitados. Houve sempre a ideia de que não devíamos envolver os farmacêuticos e que as coisas como estão funcionam. Até que se percebeu que afinal tinham de ser envolvidos os farmacêuticos”, afirmou, destacando que, “a testagem a nível das farmácias comunitárias foi fundamental para que pudéssemos dar a resposta adequada”. “Não é por ser farmacêutico, é porque o país não se pode dar ao luxo de dispensar massa crítica e capacidade de intervenção”, defendeu.