Investigadores da Universidade do Porto alertam para impacto ambiental da metformina nos ecossistemas aquáticos
Estudo ibérico revela que o fármaco é um dos produtos farmacêuticos detetados com maior frequência e em elevada concentração nas águas de todo o mundo.

A metformina é um dos produtos farmacêuticos detetados com maior frequência e em elevada concentração nas águas de todo o mundo. É esta uma das conclusões de um estudo ibérico publicado no jornal Environmental Science & Technology por uma equipa de investigadores do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) e da Faculdade de Ciências (FCUP) da Universidade do Porto, em colaboração com outras entidades portuguesas (UTAD) e espanholas (Universidade de Santiago de Compostela).
Numa nota publicada pela Universidade do Porto, neste estudo, os investigadores referem que, “num contexto marcado pelo crescimento exponencial da diabetes e, como resultado, da prescrição de fármacos para controlar a doença, são também cada vez maiores as quantidades de metformina que são continuamente descarregadas nos ambientes aquáticos”.
“A preocupação é grande, dado os organismos aquáticos estarem expostos a este fármaco durante todo o seu ciclo de vida. Até porque pouco se sabe ainda sobre os riscos para a saúde dos ecossistemas aquáticos”, sublinha a mesma nota, salientando, que a “metformina, tal como como muitos outros fármacos, mostrou ser uma molécula bioativa que atua em concentrações muito baixas”.
Segundo Teresa Neuparth, coautora do estudo e investigadora do grupo de «Disruptores Endócrinos e Contaminantes Emergentes» (EDEC) do CIIMAR, “os critérios de qualidade ambiental propostos para a metformina estão longe de proteger a saúde ambiental e, como tal, deveriam ser atualizados para valores mais seguros, tendo em conta este e outros estudos de avaliação em exposições crónicas de longa duração”.
A Universidade do Porto salienta ainda que os resultados deste trabalho são particularmente significativos e vão ao encontro da Directiva Quadro da Água da União Europeia, que tem em vista alcançar o bom estado ecológico das águas superficiais e identificar um conjunto de substâncias potencialmente tóxicas, como é o caso da metformina.
Segundo os autores, estudos adicionais deverão ser realizados para aprofundar o conhecimento sobre os efeitos da metformina em outros grupos taxonómicos e os mecanismos que provocam os impactos observados.