Investigadores descobrem novos mecanismos para prevenir e tratar o cancro da pele mais comum

Investigadores descobrem novos mecanismos para prevenir e tratar o cancro da pele mais comum

Uma equipa internacional de cientistas, co-liderada por Adriana Sánchez-Danés, investigadora da Fundação Champalimaud, revelou novos mecanismos fundamentais na iniciação e progressão do carcinoma basocelular, o tipo de cancro da pele mais frequente em seres humanos.

“Este é o cancro de pele mais comum e, apesar de normalmente ser tratável com cirurgia, pode, em alguns casos, tornar-se metastático ou localmente agressivo. É crucial compreender como se inicia e progride para que possamos desenvolver melhores formas de o tratar e prevenir,” afirma Adriana Sánchez-Danés, investigadora da Fundação Champalimaud.

A investigação centrou-se no papel da Survivina, que regula a divisão celular e impede a morte celular programada. O estudo demonstrou que esta proteína desempenha um papel essencial tanto na formação inicial como na progressão do carcinoma basocelular. O estudo publicado na revista Cell Discovery aponta potenciais terapias que podem revolucionar a prevenção e o tratamento desta doença.

Ao analisarem as diferenças genéticas entre células estaminais e células progenitoras da pele, os investigadores descobriram que a Survivina está altamente expressa nas células estaminais cancerígenas. Experiências em modelos animais confirmaram que a eliminação do gene da Survivina impede a formação de tumores, enquanto a sua sobre-expressão em células progenitoras torna-as capazes de gerar cancro.

Além disso, os cientistas demonstraram que a inibição da Survivina em lesões pré-neoplásicas impediu a sua evolução para tumores invasivos, sublinhando o papel central desta proteína na progressão do carcinoma basocelular.

Novas perspetivas terapêuticas

Embora inibidores da Survivina já estejam a ser testados em ensaios clínicos, os investigadores alertam para a sua toxicidade em modelos animais. Como alternativa, identificaram a proteína SGK1, cuja inibição também bloqueia a progressão das lesões pré-neoplásicas.

“Os nossos dados sugerem que tanto os inibidores da Survivina como os da SGK1 podem ser usados para prevenir a progressão do carcinoma basocelular,” explica Sánchez-Danés. Os inibidores da Survivina poderiam ser aplicados na forma de cremes tópicos, minimizando potenciais efeitos secundários.

Implicações Futuras

Esta investigação abre caminho para novas estratégias no tratamento do carcinoma basocelular e na prevenção do seu desenvolvimento. Para a investigadora Adriana Sánchez-Danés, a descoberta de que a Survivina pode transformar células resistentes em competentes para gerar cancro é especialmente marcante. “Foi uma descoberta surpreendente e entusiasmante. Estamos mais próximos de desenvolver terapias eficazes para esta doença tão prevalente.”

Com estes avanços, a equipa espera que estas descobertas possam, num futuro próximo, ser traduzidas em tratamentos inovadores para milhões de pacientes em todo o mundo.

Fonte: Fundação Champalimaud