Medicamento para o cancro da mama esgotado nas farmácias até outubro
Tamoxifeno só esta disponível nos hospitais. Médica oncologista aponta que alternativas implicam a indução da menopausa nas mulheres que precisam do tratamento.
O medicamento tamoxifeno, para o cancro da mama, está esgotado nas farmácias há mais de um mês e só vai ser reposto em outubro. De acordo com o Infarmed, o motivo é uma rutura de stock por motivo de fabrico, e o medicamento apenas está disponível nos hospitais.
Para a oncologista Ana Gomes, estas falhas são preocupantes, porque as alternativas ao Tamoxifeno implicam que as doentes sejam sujeitas a uma supressão ovárica, o que significa a indução da menopausa.
“Há alternativas, mas as indicações não são exatamente as mesmas, e isso pode requerer até fazer dois tratamentos, em vez de um que tem a ver com a questão das mulheres serem pré ou pós-menopausicas”, diz a médica especialista, que aponta que “a alternativa pode ser alterar o medicamento, mas para outro com uma terapêutica concomitante, que tem que ser injetável”,
Ana Gomes sublinha que o medicamento tamoxifeno é “realmente importante” e que “a falta dele é preocupante para as mulheres que precisam dela”, já que “implica alterar o tratamento” e “induzir a menopausa às mulheres para podermos fazer outro tipo de hormono-terapia”.
Sobre os motivos para a rutura de stock, a médica oncologista explica que a produção de “medicamentos que já perderam a patente” e dos quais já há várias versões genéricas “a determinada altura, para alguns laboratórios, não deve ser rentável”.
“Acaba por não ser aliciante para o mercado”, remata a especialista da Unidade Local de Saúde do Algarve.
O Infarmed diz que as falhas deste medicamento são recorrentes, e que tem procurado alternativas, nomeadamente através da importação de embalagens com rótulos em língua estrangeira.