Medicamentos para ajudar a deixar de fumar passam a ser comparticipados

Medicamentos para ajudar a deixar de fumar passam a ser comparticipados

O medicamento mais barato vai agora passar a custar apenas 26 euros devido à comparticipação do Estado de 37%.

Dois medicamentos para ajudar quem quer deixar de fumar passaram a ser comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) em Portugal desde o início de outubro, avança o “Público”.

Os medicamentos disponíveis são o Cuitvar (vareniclina) e o Xistab (citisinilina), ambos com comparticipação estatal de 37%. O custo para os pacientes varia entre 26 euros (Cuitvar) e 61 euros (Xistab), valores que os especialistas consideram inferiores ao custo mensal de quem fuma um maço de cigarros por dia.

A comparticipação destes medicamentos é bem recebida pela classe médica, que destaca a importância de tornar mais acessível o tratamento para a dependência de nicotina, embora sublinhem que o sucesso do processo também depende de disciplina e apoio médico especializado.

Sofia Ravara, coordenadora da Comissão de Trabalho da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, destaca que os custos dos medicamentos para deixar de fumar são agora significativamente mais baixos do que o custo de fumar. Mesmo no caso do medicamento mais caro, que custa mais de 60 euros, “é menos de metade do valor, num mês, para quem fuma um maço de cigarros por dia”.

A especialista reforça que há estudos que mostram que o preço reduzido motiva os fumadores para deixar de fumar e alerta que o Infarmed podia “ter negociado um preço mais baixo” para o Xistab, já que o composto ativo é usado “desde a 2.ª guerra mundial pela população dos Balcãs”. “É uma substância natural, o substrato de uma planta que reduz muito o desejo de fumar”, explica.

No entanto, os especialistas alertam para a importância de consultas especializadas em cessação tabágica, cuja procura tem aumentado, mas a oferta continua insuficiente. O número de consultas em Portugal diminuiu durante a pandemia e, apesar de uma recuperação em 2022, o total de consultas ainda é inferior ao de 2018.

A Direção-Geral de Saúde (DGS) reconhece a necessidade de melhorar o acesso e a reorganização do SNS está em curso para responder a esta procura crescente.