Notificações de reações adversas baixaram para valores registados antes da pandemia

Notificações de reações adversas baixaram para valores registados antes da pandemia

Os profissionais de farmácia comunitária comunicaram, em 2023, aproximadamente 27% do total de notificações submetidas por profissionais de saúde, o que representa um crescimento face a 2022, onde essa percentagem foi de apenas 4%, indica ainda o relatório.

Os dados constam do relatório de 2023 do Sistema Nacional de Farmacologia (SNF), divulgado pelo Infarmed, e que indica que, no final de 2020, o início do processo de vacinação contra a Covid-19 “teve como consequência direta” o crescimento muito acentuado no número de notificações em 2021 e 2022.

De acordo com os dados do regulador nacional, em relação a 2019, verificou-se em 2021 um crescimento de 339% de notificações de reações adversas a medicamentos (39.267) e em 2022 de 233% (26.932).

“Terminado o período pandémico, o número de notificações tem registado um decréscimo, aproximando-se dos valores assinalados em 2018-2019”, que rondaram as 11 mil em cada um desses anos, refere o Infarmed.

Em 2023, foram submetidas 11.153 notificações, que, depois de avaliadas e analisadas, derem origem a 9.178 casos de reação adversa a medicamentos, cerca de 5.000 dos quais graves.

Desse total de 11.153 notificações, 6.734 foram feitas através da indústria farmacêutica.

Em 2023, os profissionais de saúde foram responsáveis por 88% das notificações submetidas ao sistema de farmacovigilância (3.884) por via direta, com os utentes a contribuíram com apenas 12% das notificações recebidas por essa via, o que representa um forte decréscimo face a 2022 (30%).

Os profissionais de farmácia comunitária comunicaram, em 2023, aproximadamente 27% do total de notificações submetidas por profissionais de saúde, o que representa um crescimento face a 2022, onde essa percentagem foi de apenas 4%, indica ainda o relatório.

O maior número de notificações recebidas concentrou-se no litoral Centro e Norte, com especial incidência nas áreas de Lisboa (20%) e Porto (19%), o que se deve à maior densidade populacional, mas também à maior concentração de grandes hospitais e centros de saúde.

“As reações adversas mais frequentemente notificadas durante o ano de 2023 foram as relacionadas com as perturbações gerais e alterações no local de administração, o que pode ser explicado pelas notificações de casos de RAM relacionadas com vacinas”, adianta o relatório.

De 1992, quando teve início o sistema de vigilância, até final de 2023, foram registadas 155.497 notificações de reações adversas a medicamentos.

O SNF articula-se com o Sistema Europeu de Farmacovigilância e, em colaboração com as outras agências europeias do medicamento, avalia esta informação e os novos dados que possam surgir, o que permite atualizar o perfil de segurança de todos os medicamentos.