OMS está a investigar a ligação entre a morte de mais de 300 crianças e xaropes para a tosse

OMS está a investigar a ligação entre a morte de mais de 300 crianças e xaropes para a tosse

A Organização Mundial de Saúde pediu aos países que previnam, detetem e respondam a incidentes com medicamentos abaixo do padrão e falsificados.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) está a investigar se há alguma ligação entre os fabricantes cujos xaropes para a tosse contaminados foram associados à morte de mais de 300 crianças em três países.

De acordo com as fontes ouvidas pelas agências “Reuters”, a OMS está a tentar obter mais informações sobre as matérias-primas usadas por seis fabricantes na Índia e na Indonésia para produzir os medicamentos, nos quais foram identificados níveis inaceitáveis de toxinas e que estão ligados às mortes recentes, bem como se as empresas as obtiveram através dos mesmos fornecedores.

A OMS também está a considerar se deve aconselhar as famílias globalmente a reavaliar o uso de xaropes para a tosse em crianças, enquanto não são esclarecidas todas as questões relacionadas com estes medicamentos.

As mortes de crianças por lesão renal aguda começaram em julho de 2022 na Gâmbia, seguidas de casos na Indonésia e no Uzbequistão. A OMS afirma que as mortes estão ligadas a xaropes para a tosse de venda livre e que continham alguma destas toxinas: dietilenoglicol ou etilenoglicol. Estas substâncias são usadas como solventes industriais e agentes anticongelantes e podem ser fatais mesmo que tomados em pequenas quantidades.

Para já, a Organização Mundial de Saúde pediu esta segunda-feira, 23 de janeiro, aos países que previnam, detetem e respondam a incidentes com medicamentos abaixo do padrão e falsificados, após relatos de centenas de crianças que morreram depois de terem tomado xarope para a tosse.

Uma vez que estes não são incidentes isolados, a OMS apelou para uma ação urgente dos reguladores e governos para detetar e retirar de circulação nos respetivos mercados quaisquer produtos médicos de qualidade inferior que tenham sido identificados nos alertas médicos da OMS como potenciais causas de mortes e doenças.

Pede ainda que seja assegurado que todos os produtos médicos nos respetivos mercados sejam aprovados para venda pelas autoridades competentes e obtidos junto de fornecedores licenciados.

A OMS apela também aos reguladores e governos para atribuírem os recursos adequados para melhorar e aumentar as inspeções baseadas no risco dos locais de fabrico, em conformidade com as normas e padrões internacionais.

“Aumentar a fiscalização do mercado, incluindo ensaios direcionados baseados no risco para produtos médicos lançados nos respetivos mercados, incluindo mercados informais, e promulgar e aplicar, se for caso disso e conforme adequado, leis e outras medidas legais relevantes para ajudar a combater o fabrico, distribuição e/ou utilização de medicamentos não conformes e falsificados”, são outras medidas pedidas pela OMS.

A OMS apelou ainda aos fabricantes de medicamentos para que comprem apenas “excipientes de qualidade farmacêutica a fornecedores qualificados e de boa-fé”, que realizem ensaios exaustivos após a receção dos fornecimentos e antes da sua utilização no fabrico de produtos acabados, e assegurar a qualidade do produto, através de certificados de análises baseados em resultados de ensaios adequados.

Apela ainda para manterem “registos precisos, completos e adequados de compra de materiais, testes, fabricação e distribuição para facilitar a rastreabilidade durante as investigações em caso de incidentes”.