PIM nas farmácias comunitárias e RM esquecido.

PIM nas Farmácias Comunitárias e RM esquecido.


Artigo de Opinião de Daniela Santos, Farmacêutica e Investigadora do Centro de Investigação ADVANCE | ISEG

A saúde é um bem precioso que todos nós valorizamos profundamente. Quando se trata de cuidar da nossa saúde, a qualidade e a segurança dos medicamentos desempenham um papel fundamental. As farmácias comunitárias são o ponto de acesso mais próximo e confiável para muitas pessoas quando se trata de medicamentos. No entanto, a importância das farmácias comunitárias vai muito além de simplesmente fornecer medicamentos. Elas desempenham um papel crucial na preparação individualizada de medicamentos (PIM) , mas também devem desempenhar um papel ativo na revisão e reconciliação de medicamentos (RM), trabalhando em estreita colaboração com os médicos assistentes.

Mas será que as farmácias e os seus farmacêuticos exploram a necessidade e os benefícios dessa colaboração entre farmácias e médicos na promoção da segurança e da eficácia dos tratamentos medicamentosos? Parece que não, em parte. O que falta?

As farmácias comunitárias são mais do que simples dispensadores de medicamentos. Elas são pontos de contato acessíveis para pacientes de todas as idades, de todas as condições de saúde e com variados tipos de tratamentos. Isso coloca essas instituições em uma posição única para desempenhar um papel mais ativo na gestão de medicamentos dos pacientes. Um dos aspectos mais críticos dessa gestão é a revisão e reconciliação de medicamentos.

A revisão de medicamentos envolve a avaliação cuidadosa de todos os medicamentos que um paciente está tomando, incluindo medicamentos prescritos, produtos de venda livre e suplementos dietéticos. Esta avaliação ajuda a identificar possíveis interações medicamentosas, alergias, efeitos colaterais indesejados e outras preocupações que podem afetar a eficácia do tratamento e a segurança do paciente. A reconciliação de medicamentos, por sua vez, consiste em garantir que a lista de medicamentos do paciente esteja sempre atualizada e alinhada com as prescrições dos médicos.

A colaboração entre farmácias comunitárias e médicos assistentes para realizar revisões e reconciliações de medicamentos tem inúmeras vantagens. Em primeiro lugar, aumenta a segurança do paciente. Quando farmacêuticos e médicos trabalham juntos, é mais provável que sejam identificados e resolvidos problemas relacionados com medicamentos, como interações prejudiciais ou duplicações desnecessárias. Isso reduz significativamente o risco de erros de medicação e seus potenciais impactos negativos na saúde dos pacientes.

Além disso, essa colaboração contribui para a melhoria da adesão ao tratamento. Pacientes muitas vezes enfrentam dificuldades na compreensão de suas prescrições ou no seguimento adequado de um regime de medicamentos. Quando farmacêuticos e médicos trabalham em conjunto, eles podem fornecer orientações mais claras e abrangentes aos pacientes, esclarecendo dúvidas e aumentando a probabilidade de que sigam corretamente suas terapias.

A colaboração entre farmácias e médicos também ajuda a otimizar os recursos de saúde. Ao evitar a duplicação de prescrições e eliminar medicamentos desnecessários, é possível reduzir os custos relacionados com medicamentos, tanto para os pacientes como para os sistemas de saúde em geral. Além disso, as revisões regulares de medicamentos podem ajudar a identificar alternativas mais econômicas, quando apropriado, sem comprometer a eficácia do tratamento.

Para implementar eficazmente essa colaboração, é essencial que farmacêuticos e médicos tenham acesso a registos de saúde eletrónicos compartilhados e comuniquem-se regularmente sobre os casos dos pacientes. Isso permite que ambos os profissionais tenham uma visão completa e atualizada do histórico de medicamentos de cada paciente, facilitando a tomada de decisões informadas e a coordenação eficaz do cuidado.

Mas será que isto acontece? Parece uma realidade tão evidente de razão e útil, e continuamos preocupados com outros segmentos!

Em conclusão, as farmácias comunitárias desempenham um papel vital não apenas na preparação individualizada de medicamentos, mas também na revisão e reconciliação de medicamentos em colaboração com os médicos assistentes. Essa colaboração fortalece a segurança do paciente, melhora a adesão ao tratamento, otimiza os recursos de saúde e contribui para um atendimento mais eficaz e centrado no paciente. É fundamental reconhecer a importância dessa parceria e promover iniciativas que facilitem a integração de farmácias e médicos no cuidado da saúde.

Afinal, quando farmacêuticos e médicos trabalham juntos, todos saem ganhando: os pacientes, o sistema de saúde e a qualidade de vida de cada indivíduo.

O que faltam aos farmacêuticos para reivindicarem esta área tão sua? E o que se passa para que médicos e farmacêuticos não comuniquem?

Deixo aqui um desafio a todos os leitores, colegas e não colegas a deixarem as suas respostas!