Presidente da ADIFA avisa: há produtos para entrega nas farmácias com atrasos de um ano

Presidente da ADIFA avisa: há produtos para entrega nas farmácias com atrasos de um ano

Nuno Flora, responsável máximo da Associação de Distribuidores farmacêuticos defende a necessidade de criação de um sistema de alerta prévio de faltas de medicamentos.

A Associação de Distribuidores Farmacêuticos (ADIFA) foi esta quarta-feira, 22 de fevereiro, à Assembleia da República alertar para os atrasos na colocação de produtos no mercado, que em alguns casos pode ultrapassar um ano. Numa audição parlamentar sobre a falta de medicamentos, o presidente da ADIFA, Nuno Flora, defendeu a criação de um sistema de alerta prévio de faltas de medicamentos.

O responsável diz que é preciso “melhorar enormemente” o sistema de gestão da informação nesta área, sublinhando que existem vários procedimentos administrativos e regulamentares, mas que não estão integrados. Para isso, deu o exemplo de haver uma lista para notificação prévia, uma lista temporária de suspensão de exportação e haver brevemente uma lista de medicamentos essenciais, cuja portaria foi publicada em janeiro.

Além disso, recordou Nuno Flora, só as próprias entidades, a indústria farmacêutica, as farmácias e os distribuidores farmacêuticos, conhecem os seus stocks. “O que devíamos ter era um sistema nacional de alerta prévio de roturas e de falhas”, para ter um conhecimento antecipado das situações e não atuar “casuisticamente”.

O presidente da ADIFA defendeu ainda que “deve ser tudo integrado em termos de gestão de informação no Infarmed”, que é o regulador e o supervisor da área. O responsável alertou também para os atrasos na colocação de produtos no mercado na sequência de problemas de produção e de “uma certa tendência que se verificou nos últimos anos de desindustrialização do setor do medicamento a nível europeu e também a nível nacional”.

Recordou igualmente que, a somar a esta situação aconteceu uma pandemia, a guerra na Ucrânia e uma crise energética, que criaram não só na produção, mas no resto da cadeia de abastecimento de medicamentos, “pressões muito grandes e dificultou muito não só no acesso ao produto, mas também em termos de tempo de colocação de produto no mercado”.

“Enquanto antes tínhamos se calhar produtos que não chegavam em quatro cinco meses, hoje temos produtos a chegar-nos a um ano ou mais que isso”, realçou. Nuno Flora advertiu que as cadeias de abastecimento estão “muito fragilizadas e precisam de apoio”, lamentando que durante este período o setor da distribuição não tenha tido qualquer apoio do Estado ou de outra entidade para fazer face ao aumento das despesas.

“Os nossos cálculos para este ano, infelizmente, com a inflação são muito mais gravosos do que aquilo que tínhamos avisado em maio e junho para o final do ano. Serão seguramente cerca de seis, sete milhões de euros em termos de custos relacionados com o aumento da inflação”, sublinhou.