Presidente da APOGEN diz que novos genéricos vão permitir poupar quase mil milhões de euros
Em entrevista ao DN/TSF, Maria do Carmo Neves pede medidas ao governo para incentivar a indústria farmacêutica.
Na última década, os medicamentos genéricos permitiram uma poupança superior a 5,7 mil milhões de euros, o que equivale a dois anos de custos com medicamentos no Serviço Nacional de Saúde (SNS). As contas foram feitas por Maria do Carmo Neves, presidente da Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (APOGEN).
Numa entrevista concedida à “TSF/DN”, a responsável vai mais longe e sublinha que esta poupança equivale a dois anos de custos com medicamentos no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Disse ainda que, nos próximos três anos, os novos genéricos vão permitir uma poupança que ficará perto dos mil milhões de euros.
“Ao nível de farmácia comunitária temos os anticoagulantes e os antidiabéticos e que resultarão numa poupança, até 2026, de mais de 900 milhões de euros – sobreponível à poupança de 2022 dos 500 milhões de euros”, referiu, adiantando ainda que “a nível hospitalar temos vários produtos que contribuem para o aumento da despesa grande que vão terminar a patente, produtos para a oncologia e para as doenças autoimunes”. Segundo explicou Maria do Carmo Neves, “o medicamento genérico a nível hospitalar chega a atingir um preço 98% abaixo do preço de referência”.
A responsável máxima da APOGEN mostra-se ainda muito crítica do aumento dos preços em 5%, sublinhando que este não é suficiente para evitar ruturas de stock. “Temos um aumento dos custos industriais de 30% e esta subida de 5% não cobre o aumento de custos”, afirmou, defendendo que “o mecanismo de criação de preço tem de ser alterado, porque temos preços regulados que não nos permitem refletir este agravamento dos custos industriais no preço de venda ao público do medicamento”.
“Somos nós que temos de absorver estes custos e, ao fazê-lo, se não houver interesse comercial, entramos em rutura. E os custos da energia e dos transportes também subiram. Precisamos de um novo sistema de formação de preços. Quando vamos a um supermercado o aumento dos custos é refletido no cliente, tem de haver um mecanismo que permita que a indústria não se desincentive”, concluiu.