Nanomedicina aumenta eficácia da quimioterapia no tratamento contra o cancro
Nova versão de quimioterapia é 20 000 vezes mais eficaz contra o cancro e sem efeitos adversos.

A incidência de cancro tem aumentado mundialmente, surgindo cerca de 14,1 milhões de novos casos (segundo os últimos dados de 2016) e em Portugal estima-se um aumento de 20% até 2040. Os cancros mais comuns a nível global são o cancro da mama na mulher e o cancro do pulmão no homem. A taxa de mortalidade é elevada. Contudo, Portugal conseguiu reduzir as taxas de mortalidade para vários tipos de cancro, como bexiga, colo do útero, colorretal e próstata, entre 2011 e 2021.
A prevenção tem um papel fundamental, sendo que de 30% a 50% dos casos de cancro podem ser prevenidos através da adoção de um estilo de vida saudável, incluindo uma dieta equilibrada, exercício físico e evitar o consumo de tabaco e álcool.
Foi publicado um estudo, muito recentemente, por investigadores da Northwestern University, nos Estados Unidos, na revista científica ACS Nano, no qual desenvolveram uma nova forma de um medicamento frequentemente usado no tratamento de vários tipos de cancro, o 5-fluorouracilo, com recurso a nanomedicina, o que aumentou extraordinariamente a sua eficácia até 20 000 vezes, em testes com leucemia e sem causar os efeitos secundários comuns da quimioterapia.
O 5-FU apesar de ser eficaz, apresenta limitações, pois tem um metabolismo rápido, um tempo de semi-vida curto e permeabilidade nas membranas limitada, com alta toxicidade para células saudáveis, pelo que é necessária uma dose elevada de modo a alcançar a concentração pretendida no plasma e exercer a sua atividade anti-cancerígena, desencadeando efeitos adversos severos, como náuseas, queda de cabelo e danos em tecidos saudáveis.
Para aumentar a eficácia do 5-FU e minimizar os seus efeitos adversos e a sua toxicidade, os investigadores alteraram a estrutura do 5-FU, recorrendo à tecnologia Spherical Nucleic Acids (SNA), encapsulando o fármaco e transformando-o num “fármaco esférico” feito com moléculas de ADN. Estas nanopartículas são muito pequenas e conseguem entrar facilmente nas células cancerígenas, libertando o medicamento de forma controlada e precisa, não afetando as células saudáveis.
Nos testes realizados em modelos de leucemia aguda mieloide com a nova formulação, conseguiram eliminar a doença sem sinais de toxicidade, sendo que o medicamento ataca as células tumorais com uma potência muito superior à formulação de 5-FU usada frequentemente nas últimas décadas.
O líder deste projecto, Chad A. Mirkin, é especialista em nanotecnologia e explicou que este método inovador “pode revolucionar a forma como se criam medicamentos contra o cancro”, pois permite melhorar fármacos já existentes em vez de ter de desenvolver novos medicamentos de raíz, o que leva anos até serem desenvolvidos e introduzidos no mercado.
Os resultados deste tratamento são muito promissores, mas este ainda se encontram numa fase inicial. A próxima etapa consiste em efetuar ensaios clínicos para avaliar a segurança e a eficácia da nova formulação de 5-FU.
A nanomedicina, é uma área em rápido crescimento com muito potencial que pretende aumentar a eficácia dos tratamentos contra o cancro e reduzir os seus efeitos secundários, tão limitantes e dolorosos para os pacientes, aumentando a sua qualidade e esperança de vida.




