Será que estamos no caminho certo para a integração dos serviços em saúde?
A falta de integração entre os diferentes sistemas de saúde, público, privados, público-privados, e a escassez de recursos em algumas regiões podem impedir a implementação de soluções integradas e acessíveis.
A integração e a proximidade dos cuidados de saúde têm sido, nos últimos anos, um dos grandes focos de discussão entre os vários intervenientes da Saúde. Estes são fundamentais para garantir a qualidade da assistência e a satisfação dos pacientes. Mas, para isso, a colaboração entre profissionais de saúde, a partilha de informação e a abordagem multidisciplinar podem melhorar a eficácia do tratamento e acelerar a recuperação dos pacientes.
Segundo apontou uma interna de Medicina presente no Fórum Saúde XXI sobre integração e proximidade das ULS, tal facto não se verifica. Afirmou, ainda, que sente na sua prática clínica, ao não ter acesso aos dados do doente, não consegue salvá-lo. Factos estes também, verificados por várias ilustres personalidades da Saúde que, em casos pessoais também se confrontaram com esta situação. A Dra. Maria de Belém apelou, na sua intervenção, a estratégias efetivas e eficazes. Defendendo que é essencial que a saúde deixe de “empurrar” o problema para a frente, que deixem de lado ideologias e se faça um planeamento a longo prazo, com mudanças efetivas a longo prazo, e não apenas de sessão legislativa em sessão legislativa.
Sentiu-se na sala o clima de tensão sobre o tema, numa discussão muito ativa e, digamos, até construtiva para quem olhar para a mesma como oportunidade de melhoria, poderemos ter um caminho.
No entanto, a falta de integração entre os diferentes sistemas de saúde, público, privados, público-privados, e a escassez de recursos em algumas regiões podem impedir a implementação de soluções integradas e acessíveis. Além disso, a fragmentação do sistema de saúde pode levar a erros de diagnóstico, tratamentos inadequados e até mesmo a degradação da condição dos pacientes. Há quem apele à revisão das ULS, a sua avaliação de modo independente e não ao investimento em algo que nunca irá funcionar. Mas o diretor executivo do SNS refere que, não há tempo para tal e que as coisas têm de avançar se queremos ter um Serviço Público de Saúde melhor. E a gestão de recursos humanos? Cada vez mais difícil de reter? Na minha opinião faltou, durante o fórum o foco nesta temática. Relembramos, sem recursos não há estruturas funcionais.
Por isso, é importante que as autoridades de saúde invistam em soluções integradas e inovadoras que permitam aos profissionais de saúde trabalhar juntos, compartilhar informações e garantir a qualidade dos cuidados de saúde. Além disso, é necessário assegurar que os serviços de saúde estejam disponíveis e acessíveis a todas as pessoas, independentemente da sua localização. As farmácias comunitárias foram ainda faladas uma ou duas vezes, mas nada em concreto. Foi referida a integração das autarquias que, como sabemos, estão próximas da comunidade. Mas estarão mais próximas e capacitadas do que as farmácias comunitárias? Na minha opinião, devíamos avaliar esta fonte de recursos com seriedade e não apenas com um “ainda existem as farmácias”.
Em resumo, a integração e a proximidade dos cuidados de saúde são aspetos críticos para garantir a eficácia do tratamento e a satisfação dos pacientes. Podendo muitas vezes ser crucial para a diminuição da evolução da doença ou melhoria na sua qualidade de vida. É necessário investir em soluções inovadoras e acessíveis para garantir que todas as pessoas tenham acesso a cuidados de saúde de qualidade. Poderemos aproveitar o que já temos? Sim. Mas segundo uma avaliação estratégica, independente de questões políticas e, novamente, o chavão de todos “Centrada na Saúde das Pessoas” (já agora não centrada no doente, temos que mudar o termo, nós queremos pessoas o mais saudáveis possível).