Técnica inovadora eficaz no cancro da mama

No Brasil, um novo estudo que utiliza uma técnica de congelamento das células cancerígenas na mama revelou 100% de eficácia, quando efetuado num estágio inicial da doença.

Artigo de opinião da farmacêutica Ana Margarida Costa Pereira.

O cancro da mama é o mais diagnosticado na população feminina e é a quinta causa de morte por cancro a nível mundial, com uma estimativa de 2.3 milhões de casos e 685.000 mortes em 2020. Até 2070 prevê-se o aparecimento de 4.4 milhões de casos.

Tal como referimos no artigo publicado na Salus Magazine o rastreio tem um papel essencial no diagnóstico precoce desta doença. No Brasil, um novo estudo que utiliza uma técnica de congelamento das células cancerígenas na mama revelou 100% de eficácia, quando efetuado num estágio inicial da doença.

Esta técnica inovadora parece ser promissora no tratamento oncológico da mama. A técnica designada por crioablação, é um procedimento inovador, minimamente invasivo, sendo uma alternativa à cirurgia para remoção do tumor mamário. Esta técnica consiste na aplicação de nitrogénio líquido através da inserção de uma agulha no tecido afetado, que forma uma esfera de gelo e leva à destruição das células do tumor. É um procedimento efetuado em ambulatório que não necessita de anestesia geral nem internamento, pelo que traz inúmeras vantagens sobretudo em doentes idosos e com outras comorbilidades em que a cirurgia traz mais implicações. 

Vários estudos revelaram que esta técnica potenciará a resposta imunitária que aumenta a expressão de antigénios contra as células tumorais, levando à destruição do tumor. Vários estudos defendem que a associação de terapêutica imunológica à técnica de crioablação pode ser muito promissora. 

A última fase da investigação vai ser realizada entre 2025 e 2027 em 700 pacientes, que vão ser divididos em dois grupos. Um deles será  sujeito a este procedimento de crioablação e o outro grupo a cirurgia, de modo a comparar se têm a mesma eficácia a longo prazo.

Esta técnica já é utilizada nos EUA, Japão, Itália e Israel. O procedimento é dispendioso, sendo que não está acessível a todos os pacientes. Ambiciona-se que no futuro mais pacientes possam usufruir deste tratamento.