Tumores cerebrais: novo medicamento promete aumentar a esperança de vida

Tumores cerebrais: novo medicamento promete aumentar a esperança de vida

A farmacêutica Servier Group anunciou que o seu tratamento experimental contra o cancro no cérebro retardou consideravelmente a progressão de um tipo de tumor cerebral.

Há uma nova esperança para os pacientes com tumores cerebrais: a farmacêutica Servier Group anunciou este mês que o seu tratamento experimental contra o cancro no cérebro retardou consideravelmente a progressão de um tipo de tumor cerebral.

De acordo com a farmacêutica, o medicamento vorasidenib retardou o crescimento do glioma de grau 2 durante uma média de 27,7 meses, mais que o dobro em comparação com os 11,1 meses dos pacientes que receberam um placebo.

O estudo da Servier Group envolveu 331 pacientes que não tinham sido submetidos a nenhum tratamento anterior além da cirurgia. Os resultados alcançados permitiram demonstrar que o vorasidenib melhorou significativamente a sobrevivência sem que o tumor progredisse e atrasou o tempo antes de ser necessário passar para outras intervenções como quimioterapia ou radioterapia, de acordo com os resultados publicados no New England Journal of Medicine e apresentados no encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO.

Recorde-se que os tumores cerebrais são classificados de acordo com uma escala em graus: de baixo grau (grau I) a alto grau (grau IV), explica a Liga Portuguesa contra o cancro.

Os gliomas de grau 2 são tumores cerebrais malignos progressivos, mais comuns em adultos, mas também podem ocorrer em crianças e adolescentes. Estes tumores caracterizam-se por terem uma mutação nos genes IDH 1 e 2.

Durante décadas, as pessoas com este problema tinham de se submeter a uma cirurgia para a remoção do tumor e em seguida receber quimioterapia e radioterapia para o controlar.

São tumores incuráveis e geralmente voltam, embora se possa retardar até cinco anos. Com quimioterapia e radioterapia tem sido possível prolongar a vida do doentes entre 10 e 20 anos. Mas mais tarde, os danos provocados pela radioterapia começam a manifestar-se e surgem problemas de memória, o desempenho intelectual diminui ou torna-se difícil andar rapidamente. Normalmente, em 12 ou 14 anos, os pacientes não conseguem levar uma vida normal e independente.

A descoberta das mutações IDH, encontrada graças aos projetos de sequenciação dos genomas de dezenas de tipos de cancros iniciados em 2008, permitiu o desenvolvimento de medicamentes direcionados para inibir a ação dessa enzima danificada que envenena o cérebro.

Esta mutação genética altera a atividade de duas enzimas essenciais ao funcionamento do organismo. Continuam a desempenhar a sua tarefa mas passam a gerar um metabólito tóxico que danifica o ADN . Com o passar do tempo, os danos acumulam-se e proliferam as mutações que alimentam o crescimento do cancro.