Valormed só recicla 17% dos resíduos de medicamentos produzidos
Os números têm melhorado nos últimos anos, mas, em termos de percentagem, ainda representa pouco face à quantidade de resíduos produzida.

De acordo com o Diretor-geral da Valormed, não vai além dos 17% o valor da reciclagem de embalagens de medicamentos em Portugal. Segundo Luís Figueiredo, responsável máximo pela única entidade em Portugal responsável pela gestão dos resíduos dos medicamentos, nos últimos anos os números têm vindo a melhorar, mas, em termos de percentagem, ainda representa pouco face à quantidade de resíduos produzida.
“Para o ano fazemos 20 anos – a Valormed foi criada em 1999 – e hoje recolhemos um pouco mais de mil toneladas de resíduos quando há 20 anos pouco mais de 100 ou à volta de 100 toneladas”, refere o diretor-geral da empresa em declarações à “Renascença”.
“Isto prova a adesão dos portugueses e prova também que eles próprios estão preocupados com estas questões ambientais”, mas, segundo um estudo encomendado pela Valormed, “recolhemos cerca de 17% do potencial dos resíduos”, diz Luís Figueiredo na Manhã da Renascença.
Por isso, está a decorrer uma campanha sob o lema: “Um medicamento tem mais vida do que imagina”.
“Tudo o que comprou na farmácia devolva à farmácia. Quando já não precisa, quando está fora do prazo, devolva à farmácia. As embalagens, as cartonagens, os folhetos, as colheres, as seringas doseadoras que muitas vezes se utilizam em pediatria, não deite isso no ecoponto, devolva à farmácia, porque a Valormed, no seu centro de tratamento, faz a separação e classificação dos resíduos: num tapete de triagem, separamos aquilo que é reciclável – papel, plástico, vidro. Tudo o resto, isso sim, vai para incineração”, explica o responsável da empresa.
Luís Figueiredo sublinha: “Nunca se deve, obviamente, vazar os restos. É uma fonte de contaminação para o ambiente”.
A maior parte (58%) dos medicamentos entregues na farmácia vai para incineração, “até porque os recicladores têm regras próprias a que têm que obedecer para receberem os seus resíduos e tudo o que tem restos de medicamento não pode ser entregue a esses recicladores”.
O que é incinerado tem “valorização energética – no fundo, estamos aqui a produzir energia que depois vamos utilizar”, refere o diretor-geral da Valormed. Melhorar os níveis de reciclagem e gestão de medicamentos “vai depender dos cidadãos”, da entrega dos medicamentos que não usam nas farmácias.
“A adesão [das farmácias] não é obrigatória, mas há cerca de 2.900 farmácias em Portugal e 2.850 são aderentes da Valormed, o que prova a responsabilidade social que a farmácia, não só nesse aspeto, representa para os cidadãos e a confiança que os cidadãos têm na farmácia”, realça Luís Figueiredo.