Estudo defende que farmácias devem referenciar doentes e cuidadores
Maioria dos farmacêuticos acompanha cuidadores, assistindo cerca de 30 doentes por mês. Os profissionais defendem que a farmácia deve ter um papel no apoio à gestão de medicação.
A maioria dos farmacêuticos considera que as farmácias comunitárias devem ter um papel na referenciação de doentes e cuidadores para os serviços de saúde adequados e defendem a criação de programas de apoio a cuidadores.
Um estudo sobre o papel da farmácia comunitária em Portugal, promovido pela Associação Nacional de Farmácias e a que responderam mais de 400 farmacêuticos, revela que a maioria acompanha cuidadores na sua farmácia. Em média, cada farmacêutico acompanha cerca de 30 cuidadores por mês.
O alzheimer (e outras demências) é a patologia de base mais frequente nas pessoas que os cuidadores acompanham – representando quase 40% -, seguida da doença oncológica (19,6%).
O estudo, que será esta quarta-feira apresentado, revela que a maioria dos farmacêuticos defende que a farmácia comunitária desempenha, ou deverá desempenhar, “um papel fundamental” no apoio à gestão da medicação dos doentes, apoiando os cuidadores neste processo.
Três em cada quatro dizem também que a farmácia comunitária pode ajudar na gestão de sintomas e dois em cada três consideram que deve assumir um papel enquanto “ponte na referenciação de doentes (e cuidadores) para os serviços de saúde adequados”.
Dados da Segurança Social indicam que há cerca de 11 mil cuidadores informais reconhecidos em Portugal e, desses, 2.689 têm subsídio atribuído. Contudo, estimativas europeias assumem que cerca de 10% da população deverá ser cuidadora.
Quase 90% dos farmacêuticos inquiridos neste estudo, que teve o apoio da farmacêutica Teva, considera a realização de ações de formação (para apoio a cuidadores) como algo fundamental que a farmácia deve disponibilizar e defendem a existência de programas de apoio a cuidadores.
Não obstante ser uma realidade transversal a todos os inquiridos, a verdade é que são os farmacêuticos mais jovens (idade inferior a 35 anos), que exercem na região Centro e em farmácias com elevado número de utentes/dia aqueles que tendem a reconhecer maior importância aos programas de apoio a cuidadores. Para 90% dos inquiridos, as farmácias comunitárias devem mesmo ter um papel e envolvimento ativo no apoio e concretização deste tipo de programas no terreno, principalmente pelo seu posicionamento privilegiado de proximidade com os utentes.
Questionados sobre os aspetos em que a farmácia comunitária pode ter um papel importante no acompanhamento aos cuidadores, apontam a capacidade de ensinar como melhor gerir a medicação dos doentes ou os sintomas, ajudar a aumentar a literacia em saúde e dar informação, a doentes e cuidadores, sobre os serviços disponíveis nas instituições de saúde.
Já as principais necessidades identificadas pelos cuidadores foram o apoio psicológico/emocional, a falta de ajuda técnica e/ou equipamentos de apoio (por ex.: camas articuladas), o apoio domiciliário (equipas de profissionais), a necessidade de informação sobre os apoios disponíveis e de conciliar as tarefas de cuidador com a vida laboral.