Estudo Revela Desafios no Acesso dos Farmacêuticos Hospitalares aos Processos Clínicos Eletrónicos em Portugal
Descubra os resultados do estudo da SPFCS e da Universidade do Porto sobre o acesso dos farmacêuticos hospitalares aos processos clínicos eletrónicos. Identificam-se barreiras significativas e a necessidade de melhorias para garantir cuidados farmacêuticos eficientes e seguros em Portugal.

A Sociedade Portuguesa de Farmacêuticos dos Cuidados de Saúde (SPFCS), em colaboração com a Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, sob a coordenação do Prof. Doutor Fernando Fernandez-Llimos, concluiu um estudo que visa caracterizar o acesso dos farmacêuticos hospitalares portugueses aos processos clínicos eletrónicos (PCE). Os resultados revelam uma preocupante heterogeneidade no nível de acesso e nas permissões concedidas, destacando barreiras significativas que limitam o pleno aproveitamento dos PCE na prática clínica farmacêutica.
O estudo detalha que, apesar de existirem condições técnicas em muitas unidades de saúde, falta frequentemente a autorização formal por parte dos conselhos de administração, gerando disparidades entre instituições. Entre os fatores que contribuem para estas discrepâncias estão dificuldades técnicas nos sistemas de informação e a ausência de uma cultura organizacional que apoie plenamente o papel dos farmacêuticos no contexto assistencial.
“Embora tenhamos observado alguns avanços após as intervenções dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) em parceria com a Ordem dos Farmacêuticos em junho de 2022, os desafios estruturais persistem. Ainda há muito trabalho a ser feito para garantir que os farmacêuticos hospitalares tenham acesso uniforme aos PCE, o que é crucial para a prestação de cuidados farmacêuticos eficientes e seguros”
Afirma o Prof. Doutor Fernando Fernandez-Llimos, coordenador do estudo.
A farmácia clínica, como definida pelo investigador Renato Ferreira da Silva, é “a prestação de cuidados ao doente com o objetivo de otimizar a terapêutica farmacológica, promovendo a segurança e o bem-estar dos pacientes”. Para desempenharem este papel de forma eficaz, os farmacêuticos precisam de acesso a informações cruciais nos PCE, como diagnósticos, histórico clínico e de medicação, e resultados de exames laboratoriais. No entanto, o estudo apontou que estas informações nem sempre estão disponíveis devido a restrições de acesso.
A investigação seguiu uma metodologia de métodos mistos, com análises feitas antes e após as intervenções dos SPMS, identificando lacunas que necessitam de ser resolvidas para melhorar a qualidade dos serviços de farmácia clínica no país. Os dados foram recolhidos através de Focal Groups e questionários, abrangendo farmacêuticos de várias regiões de Portugal, o que permitiu uma visão abrangente das realidades locais.
O estudo contou também com a participação ativa de membros da SPFCS, incluindo Renato Ferreira da Silva e Helena Coelho, que contribuíram significativamente para a análise e interpretação dos dados.
Pode consultar o estudo no LINK
Sobre a SPFCS: A SPFCS é uma sociedade científica representativa de farmacêuticos que exercem a sua atividade em locais e instituições portuguesas onde se prestam cuidados de saúde. A sua missão é contribuir para a melhoria das competências dos farmacêuticos e do nível científico, tecnológico e de gestão, que lhes permitam ser o garante de cuidados farmacêuticos integradores, não só em ambiente intra-hospitalar como extra-hospitalar.