Inibidores da Bomba de Protões

Inibidores da Bomba de Protões

Os Inibidores da Bomba de Protões (IBP) são atualmente uma das classes farmacológicas mais prescritas dada a sua eficácia e perfil de segurança. São utilizados na redução do ácido gástrico, no refluxo gastroesofágico e nas lesões da mucosa do estômago. A maioria dos IBP está disponível apenas sob receita médica existindo, no entanto, alguns medicamentos com Omeprazol, Esomeprazol e Pantoprazol disponíveis em venda livre. Com este artigo pretende-se fazer um resumo geral dos IBP.

Os Inibidores da Bomba de Protões (IBP) são uma classe de medicamentos que diminuem a secreção de ácido no estômago, inibindo de forma irreversível estruturas denominadas bomba de protões que existem nas células produtoras de ácido (células parietais gástricas). Fazem parte desta classe o Omeprazol, o Esomeprazol, o Pantoprazol, o Lansoprazol e o Rabeprazol.

As principais indicações para a sua utilização são casos de úlcera péptica, refluxo gastroesofágico, erradicação do H.Pylori, profilaxia de úlceras e gastroduodenite associada à toma de anti-inflamatórios não esteroides (AINES).

Os IBP para toma oral são produzidos de forma a só se desintegrarem no intestino delgado, onde são absorvidos. As suas formulações orais devem ser engolidas inteiras ou dissolvidas, em água, sumo ou iogurte de acordo com a especificação, e nunca devem ser mastigadas. Existem ainda formulações orodispersíveis.

Após a sua toma, e já pela circulação sistémica, o princípio activo é levado até ao local de actuação, a parede do estômago, onde se encontram as células que produzem ácido. Esta produção de ácido é controlada por uma estrutura proteica através da qual se dá a troca de iões positivos (para dentro do lúmen do estômago deslocam-se os protões H+ e, no sentido contrário, iões Na+ e K+), designando-se esta estrutura por bomba de protões gástrica H+, K+ – ATPase.

A administração dos IBP deve ser feita em jejum, cerca de 30-60 minutos antes da ingestão de alimentos, para para garantir a sua eficácia. A sua toma pode ser feita antes do pequeno-almoço e/ou antes do jantar, de acordo com a patologia ou sempre que haja interação com outra medicação que tenha de ser tomada em jejum pela manhã.

A opção de escolha entre os diferentes IBP feita pelo médico tem em consideração vários factores como tipo de formulação, tolerância do doente, metabolismo, gravidez e amamentação (as informações disponíveis mostram que são medicamentos seguros nestas situações devendo, no entanto, ser feita avaliação médica), preço e resposta do doente, uma vez que, embora sejam semelhantes em termos de eficácia, a resposta aos mesmos pode não ser igual em todos os indivíduos.

As patologias associadas e a interação com outra medicação e/ou suplementação será o factor principal na ponderação da escolha entre os diferentes IBP. Sabe-se que as interações são mais frequentes com Omeprazol e Esomeprazol.

No que diz respeito à metabolização, Omeprazol, Esomeprazol, Pantoprazol e Lansoprazol são metabolizados principalmente no fígado pelo CYP2C19. Já o Rabeprazol é metabolizado principalmente por uma via não enzimática, renal, ideal para situações com insuficiência hepática significativa.

Como com todos os medicamentos, podem existir efeitos adversos. No caso dos IBP pode, em alguns casos, existir um aumento do risco de osteoporose, hipomagnesemia, hiponatremia (sódio baixo), deficiência de vitamina B12, aumento do risco de infecção por C. difficile e hipersecreção ácida quando se suspende de forma súbita a toma destes medicamentos, o que pode ser evitado fazendo a redução progressiva antes da interrupção total do tratamento.

É muito importante ter presente que será necessária atenção ao uso (início e suspensão) de IBP em simultâneo com medicação de margem terapêutica estreita (por exemplo, Varfarina).

Esta classe de medicamentos é muitas vezes utilizada por longos períodos de tempo, com indicação médica de acordo com a patologia do doente, o que torna necessário reavaliar regularmente (a cada 6 ou 12 meses) a sua utilização.

Em farmácia comunitária devemos alertar quando a utilização de IBP é feita em automedicação, uma vez que a presença frequente de sintomas deve ser encaminhada para avaliação pelo médico.

São medicamentos seguros a longo prazo, devendo existir algum cuidado com a informação descontextualizada sobre efeitos adversos que possa fazer com que os doentes deixem de cumprir a medicação, o que poderá levar a um agravamento do seu estado de saúde.