Várias organizações exigem atualização urgente do Plano Nacional de Doenças Respiratórias
Em Portugal, cerca de 800 mil pessoas vivem com DPOC, uma doença crónica que afeta a função pulmonar e que representa uma das maiores taxas de casos não diagnosticados na Europa, com 40% dos casos não resolvidos.

Várias organizações do setor da saúde em Portugal apelam à revisão urgente do Plano Nacional de Doenças Respiratórias, sobretudo no que respeita a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC).
A RESPIRA – Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas, a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), o Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias da APMGF e a Sociedade Portuguesa de Pneumologia subscreveram um White Paper que destaca a necessidade de mudanças urgentes nas políticas públicas para combater a doença.
Em Portugal, cerca de 800 mil pessoas vivem com DPOC, uma doença crónica que afeta a função pulmonar e que representa uma das maiores taxas de casos não diagnosticados na Europa, com 40% dos casos não resolvidos. Este cenário é amplificado por vários obstáculos estruturais, como dificuldades financeiras, distâncias geográficas e longas listas de espera, que dificultam o acesso a tratamentos e exames essenciais, como a espirometria, exame fundamental para o diagnóstico e acompanhamento da DPOC.
José Albino, presidente da RESPIRA, Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas, sublinha que é urgente encarar a DPOC como um problema de saúde pública, com impactos diretos não apenas na qualidade de vida dos doentes, mas também na sustentabilidade do sistema de saúde. “É fundamental atualizar o Plano Nacional de Doenças Respiratórias, com uma atenção específica para a DPOC. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem diminuir significativamente as hospitalizações e as complicações graves, reduzindo assim os custos para o sistema de saúde”, afirmou em comunicado.
A DPOC é a terceira principal causa de morte no mundo e a quinta em Portugal. Estima-se que o número de pessoas afetadas pela doença aumente significativamente até 2050, devido ao envelhecimento da população e a fatores ambientais, como as alterações climáticas. O impacto económico desta doença, em Portugal, é superior a 3 mil milhões de euros anuais, o que coloca uma enorme pressão sobre os recursos do sistema de saúde.
Apesar da gravidade da situação, o Plano Nacional de Doenças Respiratórias, que data de 2017, não contempla medidas específicas para esta doença. A falta de políticas eficazes de controlo do tabaco, diretrizes inconsistentes e a ausência de protocolos claros para o diagnóstico e tratamento são algumas das lacunas que precisam ser corrigidas. Além disso, muitos médicos de Medicina Geral e Familiar não têm acesso a exames como a espirometria e não sabem para onde encaminhar os doentes, dificultando ainda mais o diagnóstico precoce. A escassez de programas de cessação tabágica acessíveis a todos, bem como a falta de acesso à reabilitação respiratória, são outros obstáculos que contribuem para o agravamento da doença.
O White Paper propõe a criação de uma Estratégia Nacional para a DPOC, com um subplano dentro do Plano Nacional de Doenças Respiratórias, que inclua medidas para a prevenção, tratamento, acesso a exames de diagnóstico e gestão das exacerbações. É igualmente necessário desenvolver materiais educativos para os doentes, expandir o acesso à reabilitação respiratória e criar um registo nacional da DPOC, que permita monitorizar a evolução da doença e os resultados dos tratamentos.
As organizações subscritoras do White Paper fazem um apelo urgente para que estas medidas sejam implementadas, de modo a garantir que os doentes com DPOC recebam o cuidado necessário e que o sistema de saúde consiga responder de forma eficaz ao crescente número de casos da doença.