5.ª edição do Prémio Maria de Sousa atribuído a investigadoras da Universidade do Porto

5.ª edição do Prémio Maria de Sousa atribuído a investigadoras da Universidade do Porto

As investigadoras Ângela Fernandes e Catarina Lopes, da Universidade do Porto, ganham prémio de 30 mil euros para os projetos que lideram de cancro colorretal e gástrico.


A 5.ª edição do prémio Maria de Sousa foi atribuído há uma semana, no dia 4 de novembro, a duas investigadoras da Universidade do Porto: Ângela Fernandes, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto e Catarina Lopes, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar.

O valor do prémio é de cerca de 30 mil euros para cada investigadora além de um estágio num centro internacional de excelência, o que vai ser muito prestigiante para as suas carreiras na investigação. Este prémio em homenagem à imunologista Maria de Sousa, que foi professora e investigadora na Universidade do Porto, e apoia jovens investigadores na área das ciências da saúde, é promovido pela Ordem dos Médicos e pela Fundação BIAL.

A investigadora Ângela Fernandes, natural de Ponte de Lima, lidera o projeto «“Adoçar” o Ataque Tumoral: Glicoengenharia de Neoantigénios para Potenciar a Resposta de Células T CD8+ contra o Cancro Colorretal», e pretende investigar o mecanismo pelo qual o perfil de glicanos (açúcares) das células de cancro colorretal modulam a resposta imunitária, com o objectivo de desenvolver uma vacina inovadora eficaz para este tipo de cancro.

O Cancro Colorretal (CCR), que se desenvolve no cólon ou no reto, é o cancro mais diagnosticado em Portugal e um dos mais comuns a nível mundial, com uma elevada taxa de mortalidade, sendo cada vez mais frequente em faixas etárias mais jovens. 

Os fatores de risco incluem mutações genéticas, dieta com poucas fibras e rica em gorduras e calorias, e alguns estudos sugerem um risco aumentado com o consumo de muita carne vermelha e processada. 

É muito importante fazer o rastreio. Portugal tem um programa de rastreio para o cancro colorretal, com o objetivo de controlar a sua incidência, sendo que a idade de início do rastreio na população portuguesa está a ser avaliada, pois para já não é custo-efetivo iniciá-lo aos 45 anos. O rastreio do CCR inclui análise de amostras de fezes ou testes de visualização direta. A deteção e tratamento precoce dos CCR resultam numa percentagem de cura elevada. As imunoterapias são muito promissoras no tratamento oncológico, mas têm uma eficácia limitada neste tipo de cancro, pelo que é crucial investigar novas terapêuticas para melhorar a qualidade de vida destes doentes.

O projeto de Catarina Lopes refere-se ao cancro gástrico:  “SNIFF: Compostos orgânicos voláteis em saliva para deteção não invasiva de cancro gástrico”. Este tem o objetivo de investigar compostos orgânicos voláteis (COVs), que funcionam como biomarcadores não invasivos do cancro gástrico, de modo a diagnosticar precocemente este tipo de cancro, em que muitas vezes o seu diagnóstico é feito tardiamente, após metastizar para outras partes do corpo, o que dificulta muito o tratamento. 

Portugal tem a maior incidência de cancro gástrico na Europa Ocidental, sendo que os fatores de risco incluem uma dieta rica em sal, alimentos fumados e carnes processadas, a elevada prevalência da bactéria Helicobacter pylori e o diagnóstico tardio, pelo que a implementação de programas de rastreio e deteção precoce são fundamentais. 

Neste sentido, este projeto pretende melhorar o diagnóstico dos doentes, através do desenvolvimento de métodos não invasivos para a deteção precoce do cancro, em que a saliva pode ajudar a detetar o cancro do estômago mais cedo, o que constitui um avanço muito promissor na medicina. O prémio vai permitir estreitar a ligação da ciência as aplicações clínicas.