
10 de outubro, 2025
Hoje, assinala-se o Dia Mundial da Dislexia, uma data que convida à reflexão sobre um dos desafios de aprendizagem mais comuns e, ainda assim, mais negligenciados. A DISLEX – Associação Portuguesa de Dislexia aproveita a efeméride para lançar um alerta urgente: é fundamental que a identificação e o acompanhamento das dificuldades associadas à dislexia comecem logo no Pré-Escolar, antes mesmo do início formal da leitura e da escrita, pode ler-se num comunicado partilhado pela associação.
“Em Portugal, uma em cada dez crianças sofre de dislexia. São crianças inteligentes, criativas e esforçadas, mas que enfrentam um obstáculo invisível logo nas primeiras aprendizagens.”
Helena Serra, presidente da Assembleia Geral da DISLEX
Desde as primeiras tentativas de leitura, surgem sinais de alerta: letras trocadas, sons confundidos, palavras invertidas – “pai” torna-se “pia”; “só” transforma-se em “os”. É um processo que frustra alunos, pais e professores, e que, sem uma resposta adequada, pode evoluir para um ciclo de ansiedade, vergonha e desmotivação escolar.
Tendo em conta esse cenário, a DISLEX defende a implementação obrigatória de avaliações no Pré-Escolar, aos 5 anos, capazes de medir competências consideradas fundamentais para as aprendizagens simbólicas: linguagem, consciência fonológica, perceção auditiva e visual, motricidade, coordenação viso-motora, atenção e noções espaciais e temporais.
“Se a dislexia for identificada precocemente, é possível desenvolver estratégias de apoio que melhoram a leitura e a escrita e evitam o sofrimento desnecessário de tantas crianças.”
Helena Serra, presidente da Assembleia Geral da DISLEX
A aposta na prevenção e na formação dos educadores é, para a associação, uma questão de política educativa essencial. Identificar cedo é o primeiro passo para garantir igualdade de oportunidades e quebrar o ciclo de insucesso escolar que ainda marca muitas trajetórias.
A dislexia é uma perturbação específica da aprendizagem de origem neurológica, caracterizada por dificuldades no reconhecimento de palavras e na descodificação fonológica. Embora afete diretamente a leitura e a escrita, as suas consequências vão muito além do rendimento académico: podem manifestar-se em baixa autoestima, ansiedade, isolamento social e até comportamentos de evitamento face à escola.
Estima-se que 600 milhões de pessoas em todo o mundo vivam com dislexia. E, embora o diagnóstico continue a carregar algum estigma, a história está cheia de exemplos inspiradores – de Einstein a Agatha Christie, de Leonardo da Vinci a Steven Spielberg – que demonstram que esta diferença neurológica pode também traduzir-se em criatividade, pensamento visual e originalidade.
Fundada em 2000, no Porto, a DISLEX tem sido uma voz ativa na sensibilização para esta realidade. A associação promove investigação científica, formação de professores e técnicos e apoio a famílias e alunos, ajudando a construir um sistema educativo mais inclusivo e informado.
“A dislexia não é um problema de inteligência — é uma forma diferente de o cérebro processar a linguagem. Cabe-nos garantir que essa diferença não se transforma em desigualdade”, reforça a direção da associação.
Com mais de duas décadas de atividade, a DISLEX tem contribuído para mudar o paradigma da aprendizagem em Portugal, desmistificando mitos e mostrando que com o apoio certo, as dificuldades transformam-se em oportunidades de crescimento.
Por isso, neste Dia Mundial da Dislexia, o apelo é simples, mas profundo: prevenir é cuidar. Porque cada criança que lê o mundo de forma diferente merece um sistema que a compreenda e a acompanhe.
Saiba mais em www.dislex.co.pt.







