ERS alerta para dificuldades dos imigrantes no acesso aos cuidados de saúde

ERS alerta para dificuldades dos imigrantes no acesso aos cuidados de saúde

Os principais obstáculos ao acesso dos imigrantes aos cuidados de saúde incluem barreiras legais, dificuldades linguísticas e constrangimentos administrativos.

De acordo com vários órgão de comunicação social, em 2023, apenas metade dos imigrantes inscritos nos cuidados de saúde primários (CSP) tinham médico de família atribuído, num contexto em que a maioria dos centros de saúde registou um aumento significativo na procura por consultas de doença aguda e cuidados materno-infantis.

Os dados constam de um estudo divulgado, a 20 de março, pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS), que analisou o acesso dos imigrantes aos CSP. O relatório conclui que, nos últimos três anos, 88,8% das unidades de saúde observaram um crescimento da procura por parte desta população.

No total, as consultas médicas a imigrantes representaram 6,5% das consultas primárias, enquanto os atos de enfermagem corresponderam a 7,6% do total realizado nos CSP. As consultas mais procuradas forma as de cuidados materno-infantis e as de doença aguda, consideradas como muito frequentes por 51,9% e 49,2% das unidades funcionais, respetivamente.

O estudo excluiu da análise situações específicas, como o acesso a cuidados de saúde por turistas ou por cidadãos abrangidos por acordos internacionais. A ERS sublinhou que a maioria das unidades de saúde identificou diferenças significativas na procura entre imigrantes em situação regular e irregular.

Os principais obstáculos ao acesso dos imigrantes aos cuidados de saúde incluem barreiras legais (89,9%), dificuldades linguísticas (63,8%) e constrangimentos administrativos (48,8%). No caso dos imigrantes com situação regularizada, os principais desafios apontados foram problemas no registo nos sistemas de informação (59,2%) e a falta de orientações claras sobre normas e regulamentos em vigor (52,5%). Já para os imigrantes em situação irregular, as dificuldades mais frequentes foram a ausência de documentação (85,7%) e entraves no registo nos sistemas de informação (63,8%).

A ERS justifica a decisão de focar a análise nos CSP devido à sua relevância no acesso a cuidados especializados, mas também pela indisponibilidade de dados completos e estabilizados da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) sobre a procura de cuidados hospitalares nos últimos anos.

A ERS reiterou a recomendação já dirigida à ACSS para a melhoria dos processos de registo, tratamento e monitorização dos dados dos cidadãos estrangeiros que acedem ao Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Fonte: Lusa, Público, NewsFarma, ERS